Deus
amou o mundo... (Jo 3,14-21)
Muitas vezes a palavra “mundo” é
empregada como uma realidade negativa. Fala-se de santos como pessoas que
fugiram do “mundo”. E o povo simples murmura: “O mundo está perdido”. Todos
estes ignoram o poder salvador gerado no Calvário e a força regeneradora do
Sangue ali derramado...
Sim, Deus ama o mundo. E trata-se de
um amor tão intenso, um amor infinito, diante do qual toda a força do mal se
faz inócua, inerme, impotente. Afinal, trata-se da força do Amor. Superando as
barreiras do tempo e do espaço, o divino Amor nos envolve para sempre.
Eis a reflexão de Lev Gillet, em seu
livro “Amour sans limites”:
“Que significa ‘amar’, quando é Deus
quem ama, Deus, o Amor essencial? Todo amor é movimento de um ser para outro
ser, com o desejo de certa união. As orientações desse movimento, suas
modalidades, suas variantes são inumeráveis. Elas vão do menos que humano ao
mais que humano. Mas existe sempre a tendência para uma união, desejo de união,
seja possessivo, seja sacrificial.
Meu Amor pelos homens [é Deus quem
fala] é um movimento de mim mesmo em direção a eles, não simplesmente para ser
conhecido por eles ou para ser, em certa medida, imitado por eles, mas para
unir-me a eles, para doar-me a eles.
Meu Amor, o Amor em sua essência
incorruptível, o Amor sem limites, jamais está inteiramente ausente. Deus
jamais está ausente. Às vezes o Amor parece apenas existente, quase
imperceptível, recoberto pelo ódio, por todo tipo de perversões, por uma camada
de brutalidade instintiva. Mas eu trabalho através dele. O amor mais deformado,
eu o torno capaz de elevar-se até o dom consciente e total. O Amor tem muitos
aspectos. Mas só existe um único Amor.
Tu és amado. Existe lugar para uma
ínfima pessoa na chama da Sarça Ardente? Uma alma, uma pessoa que eu amo jamais
é ínfima. Tu és amado. És “tu” que és amado. Aprofunda o valor deste “tu”. Eu
não enuncio aqui uma afirmação geral. Neste momento eu não falo de uma
coletividade. Neste momento eu não digo ‘vós sois amados’.
Sim, eu te chamo por um nome
secreto. Desde toda a eternidade, esse nome foi reservado para ti. É um nome
diferente daquele pelo qual os homens te chamam. É o nome escrito em uma pedra
branca e que ninguém conhece, exceto (se ele for atento ao dom) aquele que o
recebe.
De que Amor tu és amado? Eu não te
digo ‘tu foste amado’. Também não te digo ‘serás amado’. Não foi somente ontem
ou anteontem que eu te amei. Não será apenas amanhã ou depois de amanhã que te
amarei. É hoje, é neste minuto que tu és amado.”
Orai sem cessar: “Eu te amo com amor de
eternidade!” (Jr 31,3)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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