Tenho
ainda outras ovelhas... (Jo 10,11-18)
Nosso “espírito de corpo” é muito
forte. Experimentamos uma inclinação natural a nos fechar em pequenos grupos,
igrejolas frequentadas exclusivamente por gente que se parece conosco: mesma
pele, mesmo idioma, mesmo credo, mesmo jeito de rezar. Que pena!
Jesus – o Bom Pastor – diz com todas
as letras que ele tem outras ovelhas em outros apriscos. E seu anseio profundo,
manifestado claramente em sua oração antes do Getsêmani, é que “todos sejam
um”. Aliás, seu exemplo não deixa nenhuma dúvida a esse respeito. Jesus curou
judeus e samaritanos, atendeu aos patrícios e aos goyim: não-judeus como o centurião romano e a siro-fenícia com sua
filha endemoninhada.
No início da Igreja, na hora de
iniciar a missão evangelizadora, ainda havia gente “da casa” pensando que a Boa
Nova seria anunciada exclusivamente ao Povo Escolhido. Aí, a visão da toalha
(At 10) ensina Pedro, o primeiro Papa, a “não chamar de impuro o que Deus tinha
purificado”. E logo o Império Romano helenizado ouvia a pregação de Paulo,
desde Atenas até a Espanha.
Após o Concílio Vaticano II, não
podemos mais hesitar a respeito deste ponto: o anseio ecumênico corresponde a
um íntimo desejo do Senhor Jesus. Não podemos ignorá-lo nem combatê-lo. Seria
mais uma traição. Claro que isto é difícil. Se fosse fácil, já o teríamos
feito...
Ainda que, no Brasil, perdure a
“guerrinha” entre denominações cristãs, há sinais de aproximação que trazem
alegria e esperanças. Em 1999, luteranos e católicos assinaram um acordo a
respeito da justificação pela fé. Grupos católicos e pentecostais se reaproximam
de muitos países. Os catorze Patriarcados das Igrejas Ortodoxas estarão
reunidos em 2016, em Istambul, para o Concílio Pan-Ortodoxo, reunião que não
ocorria desde o ano 787 d.C.
Não faz muito tempo (maio de 1995),
o saudoso João Paulo II publicou uma Encíclica sobre o empenho ecumênico: “Ut Unum Sint”. Ali, o Papa lembrava os
mártires não-católicos que deram sua vida pela fé em Jesus Cristo: “Estes
nossos irmãos e irmãs, irmanados na generosa oferta de suas vidas pelo Reino de
Deus, são a prova mais significativa de que todo elemento de divisão pode ser
vencido e superado com o dom total de si mesmo à causa do Evangelho”. (UUS, 1.)
E mais: “Os crentes em Cristo não
podem permanecer divididos. Se querem verdadeiramente fazer frente à tendência
do mundo a tornar vão o Mistério da Redenção, os cristãos devem professar juntos a mesma verdade sobre a
Cruz.”
O mínimo que podemos fazer é, desde
já, intensificar nossas orações pela unidade dos cristãos.
Orai sem cessar: “Que todos sejam um, ó Pai,
como tu estás em
mim e eu em ti!” (Jo 17,21)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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