sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

PALAVRA DE VIDA

 E nós vimos a sua glória... (Jo 1,1-18)
            Em cada missa dominical, nós rezamos ou cantamos o Glória, um hino de louvor a Deus que remonta aos primeiros séculos da Igreja. Em geral, é um cântico animado, vibrante, pois temos o hábito de associar a “glória de Deus” a momentos de exaltação, como a entrada do rei vencedor na cidade dominada.

            De fato, os Evangelhos registram momentos especiais em que a glória de Deus se manifestou, como no nascimento de Jesus (cf. Lc 2,9-14), nas bodas de Caná (cf. Jo 2,11), na Transfiguração (cf. Lc 9,29-30) ou na entrada triunfal em Jerusalém (cf. Jo 12,12-13). Pena que tais exemplos nos levem a fechar os olhos para outras manifestações (estas, muito mais palpáveis) da mesma glória divina.
            Como lembra Dom Claude Rault, “a glória no Evangelho de João é a presença discreta de Deus percebida através do véu de humanidade de Jesus. A glória de Deus se comunica por meio de sinais, de toques discretos, de tal modo discretos, que frequentemente passamos ao lado sem perceber. Deus só se diz através de mediações”.
            Assim, a glória de Deus se mostrou na vida e missão de Madre Teresa de Calcutá, nos 13 anos de cárcere do bispo Van Thuan, na dedicação aos leprosos do Pe. Damião de Veuster. Ou seja, é sempre de modo “encarnado” que essa glória se deixa perceber, e não com corais de anjos e trombetas celestiais.
            Em 1961, na Igreja de São José, em Belo Horizonte, o momento da consagração, na missa, foi “ilustrado” com uma salva de tiros de canhão, enquanto a banda executava o Hino Nacional Brasileiro. Eu estava presente. São equívocos como este que nos distraem da verdadeira glória de Deus, que não depende de palmas, de foguetes ou de bandas marciais. Deus é humilde...
Como escreve o Papa Francisco, “unidos a Jesus, procuramos o que Ele procura, amamos o que Ele ama. Em última instância, o que procuramos é a glória do Pai, vivemos e agimos ‘para que seja prestado louvor à glória da sua graça’ (Ef 1,6). Se queremos entregar-nos a sério e com perseverança, esta motivação deve superar toda e qualquer outra. O movente definitivo, o mais profundo, o maior, a razão e o sentido último de tudo o resto é este: a glória do Pai que Jesus procurou durante toda a sua existência. Ele é o Filho eternamente feliz, com todo o seu ser ‘no seio do Pai’ (Jo 1,18). Se somos missionários, antes de tudo é porque Jesus nos disse: ‘A glória do meu Pai [consiste] em que deis muito fruto’ (Jo 15,8)”. (Evangelii Gaudium, 267)
Orai sem cessar: “Glorificai a Deus no vosso corpo!” (1Cor 6,20)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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