sábado, 26 de dezembro de 2015

PALAVRA DE VIDA

 Perseverar até o fim... (Mt 10,17-22)
            O Evangelho fala de uma torre que foi iniciada, mas não foi concluída (Lc 14,28-30), expondo o construtor à zombaria do povo. A imagem se aplica a tantos que tiveram uma experiência de Deus e iniciaram uma caminhada espiritual, mas acabaram desanimando diante dos obstáculos e abandonaram a fé.

            Ora, as dificuldades que Deus permite deviam ser exatamente as ferramentas capazes de aprimorar a nossa fé. Como diz Olivier Clément, “o itinerário conhece ‘noites’ que não são apenas despojamento do sensível e do inteligível, mas provações de angústia e desespero. É então que importa cair não no nada, mas aos pés do Crucificado que desceu ao inferno. E identificar-se com Cristo agonizante, que diz, ao mesmo tempo: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ e ‘Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito’”.
            “Estas provações – observa Clément – são o cadinho da humildade, o êxodo no deserto da fé única. Cada uma delas introduz em uma ‘consolação’ – isto é, uma presença experimentada do Consolador, do Espírito Santo – tanto maior quando o homem a recebe no mais pleno desnudamento.”
            Eis a lição do Papa Francisco: “Não se pode perseverar numa evangelização cheia de ardor, se não se está convencido, por experiência própria, que não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não O conhecer, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tateando, não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar a sua Palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar n’Ele ou não o poder fazer. Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho em vez de o fazer unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa”.
            “É por isso que evangelizamos – prossegue o Papa. O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar seguro do que transmite, faltam-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém.” (Evangelii Gaudium, 266)
Orai sem cessar: “Senhor, a tua mão direita me sustenta!” (Sl 63,9)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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