sábado, 23 de janeiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Está fora de si! (Mc 3,20-21)
            Temos muitas versões para traduzir a avaliação que fizeram de Jesus: “Perdeu a razão!” “Está ficando louco!” “Perdeu o senso!” E no latim da Vulgata: “In furorem versus est”, que o povo iria entender como “doido varrido”...

            De qualquer modo, o versículo 22 vai adiante e fala até em “possessão” por parte do chefe dos demônios. Era esta a versão dos doutores da Lei judaica. Urs von Balthasar comenta:
            “No Evangelho, eleva-se contra Jesus uma dupla reprovação: sua família o tem como fora da razão e quer “apoderar-se dele”; os escribas o acusam de estar possesso, porque manifestamente ele não age como um demente, mas como um homem dotado de poderes sobre-humanos, inquietantes aos olhos deles.
            Para estas duas acusações, Jesus tem apenas uma resposta: o que ele está construindo mostra o caráter da unidade entre o poder de Deus e de seu Espírito Santo – uma obra do maligno não saberia apresentar tal caráter – e mostra também o caráter de uma nova comunidade espiritual que não pode ser misturada à comunidade antiga e terrestre.
            É por isso que não admite a aproximação de sua família, e aqueles que o acusam de ter um mau espírito identificam o Espírito de Deus com Satã, o que é mais imperdoável das blasfêmias. É que esta se opõe abertamente a Deus, cujo Espírito está atuante e visível na obra de edificação de Jesus para todo homem que queira ver.
            Em toda parte onde agem os homens – também na Igreja -, sua ação pode ser criticada como contrária à ordem de Deus, mas ali onde o próprio Deus está agindo, o homem que se opõe a ele condena-se a si mesmo.”
            De fato, uma varredura pela História da Igreja mostra que, em diferentes lugares e épocas, servidores de Deus receberam dura oposição e dificuldades internas em sua missão. Foi assim com Francisco de Assis, com Dom Bosco, com Teilhard de Chardin. Será com o Papa Francisco? Passa o tempo – essa notável motoniveladora! – e a própria Igreja vem a discernir aquilo que é obra puramente humana e aquilo por onde passou o “dedo” de Deus.
            Prudência, pois! Cuidado antes de condenar...
Orai sem cessar: “A loucura de Deus é mais sábia que os homens...” (1Cor 1,25)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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