Cumpriu-se hoje esta Escritura... (Lc 1,1-4;
4,14-21)
Ao longo dos séculos, o Povo
Escolhido do Senhor aguardava pelo Messias prometido aos pais. Não apenas uma
simples espera no tempo, mas a atenta expectativa de Israel, alimentada pelos
sonhos dos patriarcas e pelos oráculos dos profetas.
Bastava recorrer às Escrituras e
tudo estava registrado:
- O
descendente da Mulher pisaria a cabeça da serpente (Gn 3,15);
- Uma
Virgem conceberia o Deus-conosco (Is 7,14);
- Seu
nascimento ocorreria em Belém Efrata (Mq 5,1);
- Ele seria
cheio do Espírito de Deus e anunciaria a Boa Nova aos pobres de Yahweh,
proclamando a libertação aos cativos (Is 61,1).
Ora, foi exatamente esta última
profecia que Jesus atualizou na sinagoga de Nazaré, depois de procurá-la
demoradamente, desenrolando o pergaminho de Isaías até um de seus últimos
capítulos. Detalhe: em escavações arqueológicas no Egito, em pleno Séc. XX, foi
encontrado intacto um rolo completo de Isaías, medindo nada menos que 12m de
comprimento. Material frágil, que exigia grande cuidado ao ser manuseado, terá
ocupado no mínimo dez minutos de Jesus, enquanto a assembleia esperava atenta.
Pena que, ao ouvir a Palavra da própria boca de Jesus, não o tenham
identificado como o Messias prometido...
No entanto, esse mesmo Jesus é o
pleno cumprimento das promessas do Pai, na Primeira Aliança. Sua missão
consistia em levar ao cumprimento todas as promessas antigas, em obediência à
vontade do Pai. E Ele o faria como humilde servidor de Deus, como o Servo de
Yahweh, revestido de nossa carne mortal.
Entretanto, como nenhum profeta é
reconhecido em sua própria terra, também Jesus de Nazaré será rejeitado por
seus conterrâneos, reduzido à conhecida figura do “filho do carpinteiro”. Ao
seu anúncio, em vez de lágrimas de alegria, seus ouvintes babam de raiva. A
revelação do amor de Deus é traduzida como blasfêmia. A Boa Nova de salvação é
recusada pelos homens, prenúncio da extrema rejeição do Calvário.
E nós? Recusaremos a Jesus? Ou o
aceitamos como o Salvador que dá a vida por nós?
Orai sem
cessar: “Recordarei os benefícios do Senhor!” (Is 63,7)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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