sábado, 20 de fevereiro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Odiarás o teu inimigo! (Mt 5,43-48)

            Este é um mandamento que teria muitos seguidores. Parece até que já existem. Mas o imperativo para o ódio e a vingança já foi abolido nas páginas da Nova Aliança. E foi Jesus o autor da “reforma”.

            Dentro do “Sermão da Montanha” (Mt 5 a 7), Jesus contrapõe “o que foi dito aos antigos” e o “eu, porém, vos digo”. Com isso, ele abolia velhos costumes e tradições. A nova medida da Lei consiste exatamente em amar o inimigo e rezar pelos perseguidores. Trata-se de notável e imprevisto refinamento da Lei antiga, elevada a altitudes impensáveis. Na Nova Aliança, o zelo cruento do profeta Elias (cf. 1Rs 19,40) jamais teria lugar.
E não contente de assim ensinar, Jesus o praticou. No momento de sua prisão, regenerou a orelha de Malco, um dos guardas que o prenderam, ferida pela espada de Pedro. Cravado na cruz, Jesus rezava intensamente: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem!” (Lc 23,34)
            Alguém diria que é desumano. Que está fora de nosso alcance. De fato estaria, se contássemos apenas com nossos esforço e boa vontade. Mas é possível galgar essas alturas se nos apoiamos na graça de Deus. Foi dessa maneira que o primeiro mártir da Igreja, o diácono Estêvão, conseguiu rezar enquanto era lapidado pelos adversários judeus: “Senhor, não os condenes por este pecado!” (At 7,60)
            Nos anos de participação na Pastoral Carcerária, na Grande BH, conhecemos uma senhora que visitava um detento todos os domingos. Era o jovem assassino do filho dela. A mãe da vítima adotara o criminoso, levava-lhe um bolo, consertava as roupas dele e dizia: “Faço por ele o que eu faria por meu filho, se ele estivesse preso”.
            Há quem se admire deste comportamento. Na verdade, deveríamos ficar espantados com outra coisa: aqueles que se dizem cristãos, seguidores de Cristo, mas acumulam ressentimentos, preparam vinganças e defendem com unhas e dentes a pena de morte.
            A história da Igreja é a saga de milhares e milhares de mártires que deram sua vida em benefício de outros e em nenhum momento assumiram a atitude de vítimas, mas caminhavam para o martírio entoando salmos de louvor, felizes de pisar as pegadas de seu Mestre e Senhor.
            Teríamos a coragem de pedir a Deus um coração manso e humilde?
Orai sem cessar: “Por amor a meus irmãos, direi: ‘Paz para ti!’” (Sl 122,8)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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