Que fará
o dono da vinha? (Mt 21,33-43.45-46)
Que
faria você? Tendo arrendado sua vinha, cuidadosamente preparada, você espera
receber os frutos da terra. Chegado, porém, o tempo da colheita, os
arrendatários se recusam a entregá-los, além de espancar e assassinar os
cobradores. Por fim, matam o próprio filho que você enviou a eles. Que faria
você?
Penso
ouvir um coral indignado que fala em acerto de contas, vingança, olho por olho.
Parece que ninguém fala em... perdão. Eis o comentário de Helmut Gollwitzer:
“Que
fará o Senhor da vinha? Interrogados por Jesus, os próprios ouvintes devem
dizer se é possível ter em vista outro julgamento que não seja a condenação e a
morte. O impasse parece sem saída.
Entretanto,
Jesus não respondeu inteiramente à pergunta que ele fez: ‘Que fará o Senhor da
vinha?’, pois a graça não é anunciada ao homem que peca, mas ao homem que já
pecou. Ela não é a emanação natural de uma infatigável misericórdia divina,
mas, ao contrário, apresenta-se como imprevisível, a inesperada vitória do amor
de Deus sobre sua cólera, contra toda expectativa e razão.
Escondida
atrás do inexorável julgamento, desenha-se esta nova e imprevisível
possibilidade de Deus: um novo e extremo convite resultará da morte do Filho
Bem-Amado em favor de seus assassinos. Daquele ‘tarde demais’ surgirá um
‘ainda’ da paciência divina.”
Deus
já nos alertou previamente: “Meus pensamentos não são os vossos pensamentos”.
(Is 55,8) Sua misericórdia supera toda a humana imaginação. Ele está
determinado a nos salvar, não “apesar de nossos pecados”, mas exatamente “por
causa deles”.
E
o Papa Francisco tenta quebrar as pedras de nosso coração: “A primeira verdade da Igreja é o amor
de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja
faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver
presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas
comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos
–, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia”. (Misericordiae Vultus)
Quando
Deus se faz vítima de amor, somos interpelados pelo amor.
Orai sem cessar: “Lembra-te,
Senhor, do teu amor!” (Sl 25,7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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