Sentado entre os doutores... (Lc
2,41-51a)
Como cresce depressa esse Menino! Outro
dia mesmo nós o víamos na gruta de Belém, envolto em faixas, entre o boi e o
burro! E hoje já se encontra entre os doutores da Lei! Que rápida ascensão!
Nossos amigos ecologistas talvez
discordem, avaliando que a troca de companhia não terá sido tão proveitosa...
Mas a admiração de Maria e de José não pode ser desconsiderada. Para a gente simples
de Nazaré, os escribas e legistas eram tipos importantes demais para que o
Menino se sentasse com eles, no mesmo nível!
Sim, da gruta ao Templo, um salto
notável! Mas também uma provocação para nós. Qual o espaço que reservamos para
Jesus em nossa vida? Vamos deixá-lo na sombra úmida da caverna? Ou faremos de
nosso coração um Templo sagrado onde o Menino possa ser Mestre e Senhor?
Na liturgia de hoje, a Igreja celebra
esse homem justo e admirável, José de Nazaré. O artesão angustiado com o
desaparecimento do Menino. O pai nutrício chocado ao recuperar o Menino que
interpelava os mestres de Israel. Mas, acima de tudo, o homem escolhido por
Deus para acolher, alimentar e instruir o próprio Filho do Eterno.
José fez uma casa para o Menino. Se a
Igreja o escolhe como seu patrono universal, é porque também ela quer ser a
casa de Deus. Daí a urgência em dirigirmos de novo nosso olhar para José e com
ele aprender a “cuidar” de Jesus, orientando para o Filho toda a nossa
existência.
E o Menino que interrogava aos doutores
no Templo também terá interrogado José na casa humilde de Nazaré. Um Menino com
sede de Deus, com fome de eternidade, com pressa para a missão. E José
mergulhado na admiração incontida de ver os movimentos do Espírito no coração
de uma criança.
Ah! José! Privilegiado do Senhor!
Quando aprenderemos com você essa vida de intimidade com o Filho de Deus, esse
olhar de admiração diante dele, essa disposição sem reservas de viver para ele?
Estamos ocupados demais com o pão de
cada dia para perceber a presença do Pão da eternidade. Estamos atentos demais
aos nossos probleminhas pessoais para assumir em primeiro plano a missão de
Cristo na sociedade. Distraídos demais com as festinhas do calendário para nos
encaminhar ao banquete do Reino...
Entre os doutores, Jesus interrogava.
Que interrogações ele terá para nós?
Orai sem cessar: “O
zelo por tua casa me devora...”
(Sl 69,10)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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