terça-feira, 8 de março de 2016

PALAVRA DE VIDA

Queres ser curado? (Jo 5,1-16)
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               38 anos de paralisia! Tempo demais! Depois de tanto tempo, corre-se o risco de se acostumar à dor, resignar-se ao mal, desistir da vida.

               Aliás, na mentalidade bíblica, onde o número 40 representa algo completo, com início, meio e fim, o número 38 pode ser lido como um tempo incompleto. Sim, faltava alguma coisa...
               Faltava o encontro pessoal com Jesus, que se aproxima da piscina de cinco pórticos - hoje localizada no interior da igreja de Sant’Ana, confiada aos Padres Brancos, em Jerusalém -, e vê a chocante multidão de doentes, cegos e paralíticos que esperavam pela passagem do Anjo de Deus que agitava as águas. Esse encontro é a oportunidade de superar o incompleto, recuperar o sentido da existência.
               Mas é preciso querer. Mais que sentimentos e emoções, é esse núcleo volitivo, bem no âmago da pessoa, que pode mover a paralisia e mobilizar todo o ser. Sem a cooperação da vontade, nem Deus faz milagres em nossa vida!
               Daí a pergunta de Jesus, que poderia parecer até ofensiva, pois dirigida a um homem que vivera uma vida inteira na imobilidade, preso ao leito, em tudo dependente da caridade alheia. A pergunta é um aguilhão. Ela vem testar a capacidade de reação do enfermo.
               E como existem paralisias em nossa vida! “Eu sou assim!” “Sempre fizemos deste jeito...” “Não adianta!” “Já desisti...” “Tarde demais!” São frases comuns, tantas vezes repetidas, e todas elas apontam para a acomodação com a própria situação.
               Pior ainda, quando nossas fraquezas e incapacidades nos transformam em vítimas: aceitar a cura significaria abrir mão de um tratamento especial por parte dos outros, perder atenções e, acima de tudo, reassumir a responsabilidade por nós mesmos.
               “Queres ser curado?” A pergunta se dirige também a famílias inteiras que vivem relacionamentos doentios, a comunidades petrificadas em normas e ritos, mas que perderam a vitalidade e o sopro do Espírito. Se aceitam a cura de Jesus, podem experimentar a renovação que irá transformá-las em instrumentos de salvação.
               A Bíblia está cheia de situações aparentemente sem cura, becos sem saída, barreiras que foram demolidas pelo toque divino. Sara, estéril, chega a rir da possibilidade de ser mãe, e terá um filho chamado Isaac, ou seja, o “filho do meu riso”.
               No Evangelho, o paralítico não precisou da água borbulhante para ser curado. Bastou a Palavra de Jesus: “Levanta-te e anda!” Ouviremos sua Palavra?
Orai sem cessar: “Dá-me vida, Senhor, segundo a tua Palavra!” (Sl 119,107)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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