domingo, 17 de abril de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Eu lhes dou a vida eterna... (Jo 10,27-30)
               Nesta passagem do Evangelho, Jesus fala da profunda intimidade entre ele, o Pastor, e as ovelhas fiéis, aquelas que “ouvem” e “seguem” seu Pastor. Trata-se de uma intimidade tão profunda e substancial, que nem mesmo a morte poderá interrompê-la. Esta comunhão ou simbiose se projeta além do tempo histórico e perdura na “vida eterna”, o supremo dom de Cristo Salvador.
               Ainda haverá alguém interessado na “vida eterna”? Ou nosso olhar não atinge nenhuma paisagem além da morte? O pagão é assim: seu horizonte inclui apenas comida e bebida, roupa e moradia, poupança e saldo bancário, investimentos e bolsa de valores, trabalho e carreira, prazer e curtição. Esta lista (longa, mas incompleta...) não inclui nada de “eterno”, mas exclusivamente coisas que passam e vão sendo roubadas pelo tempo, esse devorador...
               Boa parte desses “pagãos” vão à missa dominical e, logo após o Evangelho, rezam o “Símbolo dos Apóstolos”, afirmando: “Creio na vida eterna”... Ora, esta profissão de fé é nitidamente desmentida pela forma como se dedicam – com unhas e dentes – a viver ansiosamente as realidades temporais da lista acima.
               Que é a “vida eterna”? Segundo nosso “Catecismo” [1020], “o cristão, que une sua própria morte à de Jesus, vê a morte como um caminhar ao seu encontro e uma entrada na Vida Eterna”. Isto é, a vida não acaba com a morte, há uma “existência” além do muro da morte, esse limiar entre o temporal e o eterno, entre as realidades efêmeras da história e a vida definitiva da eternidade.
               Neste “limiar”, encerra-se o tempo até então aberto para acolher ou recusar a graça divina que nos foi manifestada na pessoa de Jesus Cristo, Senhor e Salvador. Nesta mesma “soleira da porta”, ocorre o juízo particular, quando a alma, recém-separada do corpo, inicia a retribuição em uma nova vida, com duas modalidades: COM Deus (o céu) ou SEM Deus (o inferno).
               Claro que o céu não é um gramado acima das nuvens, com carneirinhos, lagos cristalinos e anjos tocando harpas. Não é um “lugar”, mas uma modalidade de vida EM Deus. Nos termos do Catecismo, uma “vida perfeita com a Santíssima Trindade, comunhão de vida e de amor com ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados”. Aquela vida de união com Deus iniciada ainda no tempo projeta-se no eterno de forma definitiva.
               Este é o dom inestimável que o Pastor nos oferece desde já...
Orai sem cessar: “Guia-me, Senhor, pelo caminho terno!” (Sl 139,24)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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