Eu lhes dou a vida
eterna... (Jo 10,27-30)
Nesta passagem do Evangelho,
Jesus fala da profunda intimidade entre ele, o Pastor, e as ovelhas fiéis,
aquelas que “ouvem” e “seguem” seu Pastor. Trata-se de uma intimidade tão
profunda e substancial, que nem mesmo a morte poderá interrompê-la. Esta
comunhão ou simbiose se projeta além do tempo histórico e perdura na “vida
eterna”, o supremo dom de Cristo Salvador.
Ainda haverá alguém interessado
na “vida eterna”? Ou nosso olhar não atinge nenhuma paisagem além da morte? O
pagão é assim: seu horizonte inclui apenas comida e bebida, roupa e moradia,
poupança e saldo bancário, investimentos e bolsa de valores, trabalho e
carreira, prazer e curtição. Esta lista (longa, mas incompleta...) não inclui
nada de “eterno”, mas exclusivamente coisas que passam e vão sendo roubadas
pelo tempo, esse devorador...
Boa parte desses “pagãos” vão à
missa dominical e, logo após o Evangelho, rezam o “Símbolo dos Apóstolos”,
afirmando: “Creio na vida eterna”... Ora, esta profissão de fé é nitidamente
desmentida pela forma como se dedicam – com unhas e dentes – a viver
ansiosamente as realidades temporais da lista acima.
Que é a “vida eterna”? Segundo
nosso “Catecismo” [1020], “o cristão, que une sua própria morte à de Jesus, vê
a morte como um caminhar ao seu encontro e uma entrada na Vida Eterna”. Isto é,
a vida não acaba com a morte, há uma “existência” além do muro da morte, esse
limiar entre o temporal e o eterno, entre as realidades efêmeras da história e
a vida definitiva da eternidade.
Neste “limiar”, encerra-se o
tempo até então aberto para acolher ou recusar a graça divina que nos foi
manifestada na pessoa de Jesus Cristo, Senhor e Salvador. Nesta mesma “soleira
da porta”, ocorre o juízo particular, quando a alma, recém-separada do corpo,
inicia a retribuição em uma nova vida, com duas modalidades: COM Deus (o céu)
ou SEM Deus (o inferno).
Claro que o céu não é um gramado
acima das nuvens, com carneirinhos, lagos cristalinos e anjos tocando harpas.
Não é um “lugar”, mas uma modalidade de vida EM Deus. Nos termos do Catecismo,
uma “vida perfeita com a Santíssima Trindade, comunhão de vida e de amor com
ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados”. Aquela vida de união
com Deus iniciada ainda no tempo projeta-se no eterno de forma definitiva.
Este é o dom inestimável que o
Pastor nos oferece desde já...
Orai
sem cessar: “Guia-me, Senhor, pelo caminho terno!” (Sl 139,24)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário