Roubar, sacrificar,
perder... (Jo 10,1-10)
Os três verbos que Jesus
pronunciou definem com clareza a ação do demônio e de seus sequazes. Ladrão,
assassino, destruidor, ele é inimigo da vida e do Criador da vida. Verbos que
permitem avaliar se nossa vida está em comunhão com Deus ou com seu
“adversário”.
A maior das rapinas consiste em
apropriar-se de alguém, rompendo sua pertença ao Criador. Mostra-se como um
processo de corrupção do humano, roubando-lhe a dignidade de filho de Deus e
irmão dos homens. Roubada, sequestrada, esquecida de sua pertença a Deus, a
pessoa passa a viver como escrava de seu novo patrão, um feitor cruel que há de
sugá-la até o fim e usá-la como ferramenta do mal.
Todo sacrifício inclui “vítimas”.
Um rápido olhar sobre o planeta nos mostrará o lado maligno de um sistema que
“sacrifica” o homem, esmaga-o na engrenagem do lucro, extrai dele as últimas
forças, de joelhos perante os ídolos frios e implacáveis: Mamon - o dinheiro,
Vênus - o prazer, Marte - o poder bélico, Júpiter – o poder político, entre
outros ídolos de plantão. Nos altares dessas divindades, a vítima roubada
sangra até a morte.
O verbo “perder” conota
destruição. Enquanto o Criador é um construtor, um poeta [do grego póien = fazer], um gerador de vida, seu
inimigo se dedica a destruir, arruinar e matar. Ele tem ódio à vida, recusa a
concepção, estimula o aborto, semeia a violência, fabrica assassinos.
Se o olhar sobre o mundo é mais detido,
mais atento, logo percebe que o demônio não trabalha sozinho, mas alistou
numeroso exército de colaboradores, todos eles dedicados à ação de minar a
estrutura da família, de corromper a juventude, de escravizar o homem. Importa
roubar da pessoa humana o magnífico dom da liberdade, para que ela já não posa
optar pelo bem, pela beleza e pela verdade. E assim, abrem as portas do inferno
para seres criados para o céu.
É exatamente diante deste quadro
assustador que Jesus se apresenta como a “porta” da salvação: “Eu sou a porta;
quem entra por mim será salvo, ele entrará e sairá, e encontrará pastagem”. Se
este anúncio chegar aos escravos, se esta porta lhes for apresentada, terão a
oportunidade de romper com os laços que os mantêm presos e de experimentar o
“resgate” previamente pago por Jesus com sua Paixão, Morte e Ressurreição.
O escravo ainda ignora que existe
um Redentor, isto é, um re-comprador [do latim re(d)emere, comprar de novo] que foi à praça dos escravos e pagou
(caro!) pelas “peças humanas” que estavam nas mãos do maligno. Evangelizar é
libertar...
Orai sem cessar:
“Livra-me, Senhor! Vem de pressa em meu auxílio!” (Sl 70,2)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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