Levantai-vos! (Jo
14,27-31a)
Na
vida, tudo tem a sua hora. Há coisas que são inadiáveis. Há momentos que são de
decisão. Falamos, então, na Hora H, no Dia D.
Este
imperativo – Levantai-vos! – é
pronunciado por Jesus Cristo no encerramento da Última Ceia, após a qual ele
“já não beberia do fruto da videira, até que viesse o Reino” (cf. Lc 22,18).
Chegou a “hora” de Jesus. Não há mais tempo a perder. Aguarda-o a sua Paixão e
Morte na cruz.
É
admirável a consciência que Jesus tem a respeito de sua missão como vítima de
propiciação pela humanidade. Ele sabe muito bem o que espera por ele e, mesmo
assim, não hesita jamais. Impelido pelo amor sem medidas que trabalha pela redenção
da humanidade mergulhada nas trevas do pecado, Jesus manifesta a sua prontidão
em dar a vida por nós. Vítima vicária, assumindo um posto que cabia, por
justiça, a nós, os pecadores, ele vai até a consumação de sua tarefa.
Uma
disposição bem diferente da de Tomé, quando viu que Jesus se dispunha a voltar
a Jerusalém, onde tantos perigos o rondavam, e gemeu baixinho: “Vamos nós
também, para morrermos com Ele!” (Cf. Jo 11,16.) Tal como Tomé, nós também
ainda não estamos muito animados com a hipótese de “morrer com ele”... Morrer
para nossos pecados de estimação. Morrer para nossos vícios sempre
justificados. Morrer para nossas razões intelectuais. Morrer para nossos planos
e projetos pessoais. Morrer... para tudo aquilo que impede uma consagração
definitiva a nossa missão de evangelizar!
Há
sempre algo que nos prende, que nos faz hesitar, adiar a grande decisão e ir
empurrando com a barriga uma vida feita de pura mediocridade. E assim o tempo
vai passando, desperdiçado em ninharias e pequenas distrações... É hora de
ficar de pé, caminhar e assumir a cruz. Venceremos nossa inércia?
Os
discípulos devem ter estranhado a “animação” de Jesus. Devem ter estranhado
também quando o Mestre disse que os discípulos tinham motivo de se alegrar
porque Jesus estava de malas prontas para “ir ao Pai”. Nós também ainda não
aprendemos a nos alegrar com as cruzes que Deus “escolhe” para nós, cruzes que
serão instrumento de salvação para nós e para muitos...
Quando,
afinal, diremos: “Senhor, eis-me aqui! Fazei de mim um instrumento de vossa
paz” ?
Orai sem cessar: “Aqui
estou, Senhor. Envia-me!” (Is 6,8.)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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