quinta-feira, 28 de abril de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Permanecei no meu amor! (Jo 15,9-11)
               Antigamente, falava-se em “pecados de amor”. Que absurdo! Quem ama não peca! Como disse Santo Agostinho, “ama e faz o que quiseres” [ama et fac quod vis]. Entendamos bem: aquele que age movido por um amor autêntico, será incapaz de fazer o mal, ofender, explorar, abusar, em suma, pecar.
               Logo, permanecer no amor de Jesus, como ele nos pede neste Evangelho, significa desde o início renunciar ao pecado, que sempre produz uma amputação do tronco da Videira, com seus efeitos mortais: sair da circulação da graça, perder a seiva do Espírito, murchar, secar e, por fim, ir ao fogo.
               O pano de fundo do convite de Jesus a permanecer em seu amor é o tema da primeira Encíclica do Papa Bento XVI: Deus ama o homem. Em seu absoluto, Deus de nada necessita para si mesmo, mas é todo extroversão, derramando-se sobre a humanidade em permanente dom. A felicidade humana consiste em acolher esse amor e nele permanecer.
               Aquilo que a Bíblia chama de pecado não é simplesmente um “erro do alvo”, como afirmam certas correntes da teologia contemporânea. Pecar é trocar o amor de Deus por outro “amor”, seja o amor do ouro e da prata, do poder e da dominação sobre os outros, seja o amor a si mesmo elevado acima do divino Amor. De certa forma, podemos dizer que o pecado é o antônimo do amor. Onde houve pecado, ali faltou amor...
               Assim como o amor de Deus se manifestou em Jesus Cristo, de forma encarnada, quando ensinava, curava e libertava do maligno, assim também nós somos chamados a encarnar o mesmo amor em nossa relação com o próximo. Na prática, o próximo - a quem vemos – é o ícone de Deus – a quem não vemos. Como num reflexo, amamos o homem porque amamos a Deus. De outra maneira, como a Pequena Teresa poderia dedicar-se, na oração, a salvar um criminoso condenado à guilhotina?
               Quem ama a Jesus Cristo não tem inimigos, pois vê no criminoso mais monstruoso e decaído a figura de um filho a quem Deus ama e quer salvar. De outra forma, jamais teríamos cristãos como Dom Bosco e Teresa de Calcutá, consagrando toda a sua vida àquele resto da humanidade do qual ninguém desejaria aproximar-se?
               Lembremo-nos do Apóstolo João: “Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus.” (1Jo 4,16b)

Orai sem cessar: “Minha felicidade é estar perto de Deus.” (Sl 73,28)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.


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