sexta-feira, 29 de abril de 2016

PALAVRA DE VIDA

 A própria vida pelos amigos... (Jo 15,12-17)
               Nós vivemos entre muitos amores. Em sua obra magistral “Os Quatro Amores” (Ed. Martins Fontes, 2005), o escritor irlandês C. S. Lewis deixou bem clara a diferença entre um amor-necessidade, mero egoísmo, e um amor-doação, que se assemelha ao amor que Deus manifestou por nós.
               Os gregos antigos sabiam distinguir entre a afeição familiar, o erotismo da paixão, a amizade por escolha e, enfim, o amor-caridade que leva a dar a vida pelo outro. Por isso mesmo, utilizavam verbos diferentes para cada um desses “amores”: érein (amor de Eros), stérguein (amor parental, amor ‘do sangue’), phylein (amor de amizade) e, enfim, agapán (amor de caridade ou de adoração a Deus).
               Neste Evangelho, Jesus nos fala do amor maior: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida pelos seus amigos.” E logo ele passaria à ação, abraçando a cruz salvadora e entregando-se à morte por nós – os amigos -, para mostrar a que culminância atingia o amor de Deus por nós!
               Claro que esse amor não é merecido! Como observa Lewis, “existe em cada um de nós algo que não pode ser amado naturalmente. Não é defeito dos outros não amá-lo. Só o que é amável pode ser amado naturalmente. É como pedir às pessoas que gostem do sabor do pão embolorado ou do som da furadeira elétrica. Apesar disso, podemos receber perdão, misericórdia e amor pela Caridade – não há outro modo”.
               É assim que Deus nos ama: apesar de nossos pecados, da lama mal-cheirosa que nos cobre, seu amor de ágape insiste em nos salvar e santificar, além de toda expectativa humana. Perdão e misericórdia sem limites são a marca de seu imenso amor por nós. Os santos – aqueles que mergulharam nesse amor de caridade – manifestam em sua vida o mesmo amor que não conhece fronteiras.
               Abrindo mão de todo projeto pessoal – inclusive o de conservar a própria vida, como Maximiliano Kolbe, Gianna Beretta Molla e uma legião de mártires do Séc. XX -, os santos são impelidos pelo amor a se transformarem em hóstias vivas (Cf. Rm 12,1-2) e consagrar todos os seus esforços, tempo e recursos humanos para o bem-estar, o progresso e a salvação dos outros. E o fazem cheios de alegria, pois são impelidos pelo amor.
               Por isso mesmo, quem se encontra com um santo, encontra-se com Deus...

Orai sem cessar: “Senhor, tu sabes que te amo!” (Jo 21,16b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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