sábado, 30 de abril de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Também perseguirão a vós... (Jo 15,18-21)
               Se nós fôssemos “do mundo”, garante-nos Jesus, seríamos certamente apreciados e valorizados. Quem vê televisão ou acompanha o noticiário esportivo pode confirmar isto. Dinheiro, fama e simpatia para os “ídolos” da tela e das arenas.

Mas não somos do mundo, somos de Cristo. E Cristo foi odiado. Incômodo, incapaz de pactuar com a mentira e o pecado, foi logo “eliminado”. O ícone bizantino da Crucifixão mostra Jesus na cruz. No fundo, veem-se duas muralhas: a do Templo e a da cidade. Isto mostra a dupla “excomunhão”, o duplo anátema sofrido por Jesus: excluído do espaço religioso e excluído do espaço social. Mais uma vez, “não havia lugar para ele”...
               Pode ser um “dever de casa” ir folheando as páginas do Evangelho e anotar os sinais do ódio contra Jesus: o Rei Herodes tenta matá-lo ainda bebê: (Mt 2,16); seus conterrâneos espumam de raiva e querem lançá-lo do alto do monte (Lc 4,28-29); armadilhas doutrinárias contra Jesus (Jo 8,6); arapucas políticas (Mc 12,13ss); tentativas de lapidação (Jo 10,31); a decisão oficial de levá-lo à morte (Jo 11,49-50) e, enfim, a traição de Judas (Mc 14,10-11).
               Muitos de nós temos sofrido perseguição. Eu, pessoalmente, fui preso em 1968, em Volta Redonda, RJ, por ocasião do Ato Institucional nº 5, em consequência da crise entre a Igreja local e o Exército. Mas outros cristãos, leigos e padres, chegaram a ser torturados e mortos devido às posições que haviam tomado a partir de sua fé.
Jesus anunciara que seria assim. Só que, na hora do aperto, quando nos chamam de carola ou rato-de-sacristia, quando o marido pergunta à esposa se ela não quer levar o colchão para a sacristia, quando os colegas de trabalho jogam a sua Bíblia no cesto de lixo (aconteceu com um amigo nosso!), aí nós ficamos chateados... Vejam só o que fizeram comigo, um cristão tão fiel!!! E nos fazemos de vítimas, mostrando que esperávamos algum tipo de prêmio ou retribuição por nossa fé.
               No fundo, é uma infantilidade. Os primeiros catecúmenos, quando pediam o Batismo cristão, sabiam que estavam assinando o seu atestado de óbito. Logo, logo estariam enfrentando o carrasco ou os leões do Coliseu. Nós, pós-modernos, imaginamos que a certidão de batismo é a nossa inscrição para o Prêmio Nobel da Paz. Por isso nunca estamos dispostos a sofrer as eventuais perseguições sem crises hepáticas...
               Jesus Cristo sofreu. Sua Mãe, a Senhora das Dores, também sofreu. Por que nós não deveríamos sofrer?

Orai sem cessar: “Só em Deus repousa a minha alma!” (Sl 62,2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário