domingo, 29 de maio de 2016

PALAVRA DE VIDA

Uma fé tão grande... (Lc 7,1-10)
               Mais uma vez, nos Evangelhos, Jesus se mostra admirado ao deparar com manifestações de fé entre os estrangeiros, enquanto seus próprios conterrâneos não se mostravam dispostos a fazer aposta semelhante. São Mateus registra que a falta de fé dos nazarenos chegou a impedir que Jesus fizesse milagres (cf. Mt 13,58). O centurião romano, ao contrário, foi um desses que ousaram apostar...

               André Louf comenta: “A cada vez que Jesus, no Evangelho, encontra a fé naquele que se apresenta diante dele, acontece um milagre, infalivelmente. É que em Jesus a onipotência de Deus habita o mundo, à disposição dos homens”. Isto deve explicar que os milagres se tornem raros entre nós: pura falta de fé, e não a indiferença de Deus...
               Prossegue o monge cisterciense: “Se a onipotência de Deus parece, às vezes, pouco operante, pouco eficaz, é porque ela está como amarrada pela falta de fé exatamente daqueles que deveriam gerá-la para o bem de todos. Sozinha, basta a fé, mesmo pequenina, mesmo minúscula como o grão de mostarda no côncavo da mão, para liberar a onipotência divina e torná-la ativa através da oração de todos aqueles que passam necessidade”.
               No caso deste Evangelho, ele pergunta: “Em quê a fé do centurião foi excepcional? Primeiro, simplesmente porque o centurião não é um judeu, mas um estrangeiro que não pertence ao povo da Aliança. Não apenas um estrangeiro, mas até um inimigo, oficial do exército de ocupação. A este título, a atitude do centurião é seguramente espantosa”.
               De fato, o militar que pede a cura de seu escravo não se apoia apenas da fama de Jesus. Vai além. Ele faz um autêntico ato de fé: “Dize uma palavra... e será curado!” Despido de sua patente de oficial, ele se humilha e reconhece o poder de Jesus. O centurião se confessa indigno de ter a presença do Mestre em sua própria casa, mostrando que a fé costuma fazer dupla com a humildade, enquanto a descrença tantas vezes se explica pelo orgulho...
               “Hoje – conclui André Louf – os estrangeiros que somos nós, também podemos ser privilegiados da fé, como o soldado romano. A onipotência divina, outrora rejeitada em Jesus pelo antigo Israel, permanece atualmente à disposição da Igreja e pode ser gerada pela pessoa de cada crente, gratuitamente, como um dom inesperado, imerecido, da parte de Deus.”
               É triste pensar no desperdício da graça gerada pelos sacramentos, no rio de água viva que jorra em cada celebração eucarística, mas nos encontra alheios e distraídos, preenchidos por preocupações e empreendimentos meramente humanos, contando apenas com nosso esforço e suor. E Jesus ali presente, à espera de nosso ato de fé...
Orai sem cessar: “Só no Senhor está minha esperança!” (Sl 62,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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