segunda-feira, 27 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Tocas e ninhos... (Mt 8,18-22)
            Neste Evangelho, Jesus se apresenta como um “sem-teto”. Diferente das raposas e das aves, que possuem tocas ou ninhos, ele não tinha onde descansar a cabeça. Seu exemplo inspirou conhecidos santos, como Francisco de Assis, mas também padres e missionários leigos que abraçaram uma vida de pobreza para se dedicarem sem apego algum à missão de evangelizar.

            Claro, nem todos abraçam a pobreza. Em minhas viagens missionárias, já foi acolhido em casas paroquiais bastante luxuosas, onde um pobre talvez não se sentisse à vontade. Não é este o ensinamento de outro Francisco, o Papa Bergoglio, que desafia nosso tempo a redescobrir o pobre.
Ninguém deveria dizer que se mantém longe dos pobres, porque as suas opções de vida implicam prestar mais atenção a outras incumbências. Esta é uma desculpa frequente nos ambientes acadêmicos, empresariais ou profissionais, e até mesmo eclesiais. Embora se possa dizer, em geral, que a vocação e a missão próprias dos fiéis leigos é a transformação das diversas realidades terrenas para que toda a atividade humana seja transformada pelo Evangelho, ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social: a conversão espiritual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela justiça e pela paz, o sentido evangélico dos pobres e da pobreza são exigidos a todos. Temo que também estas palavras sejam objeto apenas de alguns comentários, sem verdadeira incidência prática. Apesar disso, tenho confiança na abertura e nas boas disposições dos cristãos e peço-vos que procureis, comunitariamente, novos caminhos para acolher esta renovada proposta. (Evangelii Gaudium, 201)
Para a Igreja, a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica que cultural, sociológica, política ou filosófica. Deus manifesta a sua misericórdia antes de mais a eles. [...]. Por isso, desejo uma Igreja pobre para os pobres. Estes têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. [...] Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles.” (EG, 198)
            A vida simples e sóbria é essencial para quem pretende evangelizar.
Orai sem cessar: “O temor do Senhor será o seu tesouro!” (Is 33,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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