Tocas e ninhos... (Mt 8,18-22)
Neste Evangelho, Jesus se apresenta
como um “sem-teto”. Diferente das raposas e das aves, que possuem tocas ou
ninhos, ele não tinha onde descansar a cabeça. Seu exemplo inspirou conhecidos
santos, como Francisco de Assis, mas também padres e missionários leigos que
abraçaram uma vida de pobreza para se dedicarem sem apego algum à missão de
evangelizar.
Claro, nem todos abraçam a pobreza.
Em minhas viagens missionárias, já foi acolhido em casas paroquiais bastante
luxuosas, onde um pobre talvez não se sentisse à vontade. Não é este o
ensinamento de outro Francisco, o Papa Bergoglio, que desafia nosso tempo a
redescobrir o pobre.
“Ninguém deveria dizer que se mantém longe dos pobres, porque as suas
opções de vida implicam prestar mais atenção a outras incumbências. Esta é uma
desculpa frequente nos ambientes acadêmicos, empresariais ou profissionais, e
até mesmo eclesiais. Embora se possa dizer, em geral, que a vocação e a missão
próprias dos fiéis leigos é a transformação das diversas realidades terrenas
para que toda a atividade humana seja transformada pelo Evangelho, ninguém pode
sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social: a
conversão espiritual, a intensidade do amor a Deus e ao próximo, o zelo pela
justiça e pela paz, o sentido evangélico dos pobres e da pobreza são exigidos a
todos. Temo que também estas palavras sejam objeto apenas de alguns
comentários, sem verdadeira incidência prática. Apesar disso, tenho confiança
na abertura e nas boas disposições dos cristãos e peço-vos que procureis,
comunitariamente, novos caminhos para acolher esta renovada proposta. (Evangelii Gaudium, 201)
Para a
Igreja, a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica que cultural,
sociológica, política ou filosófica. Deus manifesta a sua misericórdia antes de
mais a eles. [...]. Por isso, desejo uma Igreja pobre para os pobres. Estes têm
muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas
próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos
evangelizar por eles. [...] Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a
emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a
escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos
quer comunicar através deles.” (EG, 198)
A vida simples e sóbria é essencial
para quem pretende evangelizar.
Orai sem cessar: “O temor do Senhor será o seu
tesouro!” (Is 33,6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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