segunda-feira, 6 de junho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Felizes os pobres em espírito! (Mt 5,1-12)
            O Sermão 95 de São Leão Magno nos ajuda a penetrar o sentido desta bem-aventurança de Jesus.

            “Quando Jesus diz: ‘Felizes os pobres em espírito”, ele nos mostra que o Reino dos céus será dado antes à humildade do coração que à ausência de riquezas. Entretanto, não se duvide de que os pobres obtenham este bem mais facilmente que os ricos, pois a pobreza os inclina bem mais à bondade, e a riqueza dos outros leva-os mais à arrogância.
            No entanto, muitos ricos possuem este espírito que dispõe a abundância não a serviço de seu prestígio, mas das obras de caridade. Para estes, o maior ganho é aquilo que eles gastam para aliviar a miséria e o sofrimento de outrem. Assim, a humildade do coração é dada em partilha aos homens de todas as condições. É possível ser igual nas disposições, mesmo sem ser igual quanto à fortuna.
            Seja qual for a desigualdade de seus bens terrenos, não há distância entre aqueles que são iguais no nível dos bens espirituais. Bem-aventurada, pois, a pobreza que não deseja aumentar a riqueza de seus bens aqui em baixo, mas aspira a se enriquecer dos bens celestiais.
            Seguindo o Senhor, os primeiros que nos deram o exemplo desta pobreza magnânima foram os apóstolos. Deixando, sem hesitar, todos os seus bens ao chamado do divino Mestre, eles se converteram alegremente e abandonaram sua pesca de peixes para se tornarem pescadores de homens (cf. Mt 4,18-20). Entre estes, muitos se assemelharam a eles ao imitar sua fé: entre os primeiros filhos da Igreja, ‘todos os fiéis tinham um só coração e uma só alma’ (At 4,32). Despojados de todas as suas posses, estavam enriquecidos dos bens eternos graças à santa pobreza. A partir da pregação dos apóstolos, eles se alegravam por nada possuírem neste mundo e tudo possuir em Cristo.”
            Vivendo em pleno sistema capitalista, em uma sociedade de produção e consumo, vítima do bombardeio de saturação da publicidade na mídia, é possível que um cristão hesitante passe a valorizar os bens materiais, como se neles estivesse sua felicidade e seu destino neste mundo. Para esse cristão, esta bem-aventurança de Jesus pode parecer antes uma ameaça. E o anúncio da Boa Nova acaba travestido em perdas e danos.
            É por isso mesmo que todos nós precisamos de conversão...
Orai sem cessar: “Este pobre pediu socorro e o Senhor o ouviu.” (Sl 34,7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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