quarta-feira, 13 de julho de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Ninguém conhece o Pai... (Mt 11,25-27)

            A gente acaba se acostumando com os Evangelhos... É uma pena! Uma frase como esta deveria sempre nos impactar e questionar permanentemente a nossa acomodação religiosa: “Ninguém conhece o Pai!” Ou, em primeira pessoa: “Eu não conheço o Pai...”

            De início, lembrar que nos textos bíblicos, desde o Antigo Testamento, o verbo “conhecer” [gr. gignosko, cf. Lc 1,34] aponta para as relações íntimas entre a esposa e o esposo. E é exatamente esta ausência de “intimidade” que ainda nos impede de conhecer o Pai, como somente o Filho pode conhecer (cf. Mt 11,27).
            Pobre Pai! Fonte de amor derramado sobre toda a Criação, inesgotável torrente de vida injetada no barro dos humanos, e permanece um desconhecido! É esse des-conhecimento que está na raiz de tantas imagens deformadas de nosso Deus.
Muitos o veem como um policial pronto a punir, um juiz severo disposto a condenar. Outros o consideram uma divindade olímpica, aérea, restrita às nuvens celestes, indiferente ao drama terrestre. Para muitos acadêmicos, Deus se resume a um arquiteto, de régua e compasso, que projetou o mundo e se retirou à merecida aposentadoria. E ainda persistem aqueles que classificam a Deus como fluida energia do Cosmo, negando-lhe toda existência pessoal...
            Foi assim que as trevas da ignorância levaram sociedades inteiras a ter medo de Deus. A tentar domesticá-lo por meio de oferendas ou sacrifícios cruentos. À tentativa de comprar seus favores com ouro, prata ou sangue. Ou – recurso extremo de governos ateístas! – erradicar de jovens e crianças a simples imagem de Deus...
Na União Soviética, a água benta exposta na entrada das igrejas era analisada para mostrar às crianças que ali havia bactérias, de modo a provocar nelas uma reação de repulsa. Eram as bactérias comuns que existem em qualquer água disponível no planeta...
            E o Pai não desiste. Em seu desígnio amoroso, envia-nos seu próprio Filho, “rosto da misericórdia divina”, para que na face humana de Jesus nós pudéssemos contemplar os reflexos de Amor infinito. Daí, a resposta de Jesus a Filipe: “Quem me vê, vê o Pai”.
            A Face de Jesus é nosso atalho para o Pai...
Orai sem cessar: “Senhor, que eu me conheça, que eu te conheça!” (S. Agostinho)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário