domingo, 11 de setembro de 2016

PALAVRA DE VIDA

 Já não mereço... (Lc 15,1-32)
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Este Evangelho nos apresenta o conjunto das três parábolas que Jesus utilizou para falar da misericórdia. O pastor que sai a campo em busca da ovelha tresmalhada. A mulher do povo que varre a casa à procura da moedinha perdida. O velho pai que, simplesmente, espera o regresso do filho fujão.
Como se percebe, são três diferentes maneiras de ser misericordioso: sair a campo... varrer a casa... esperar...
A primeira é a mais fácil, pois até nos empresta um nimbo de heroísmo. Vai o pastor por brenhas e vales, busca incansavelmente até encontrar a SUA ovelha: ferida, emaranhada na moita de arranha-gato, berne no focinho. Ela parece em péssimo estado... Sim, mas é MINHA ovelha. E se alegra ao recuperá-la.
A segunda é mais trivial, uma empreitada caseira. Quantas vezes, quem mais precisa de nossa misericórdia está bem ao lado, debaixo do mesmo teto. O casebre é pequeno, a lamparina de azeite mal o ilumina. A vassoura de folhas de tamareira permite reencontrar a moeda, escapada do véu de moedas que ainda recorda à sua dona a remota cerimônia do casamento. Moedinha pequena, de parco valor, azinhavrada, talvez, mas SUA moeda. Não admira que as vizinhas cheguem a zombar da alegria de sua dona.
A terceira é a mais dura de viver. Um filho não é uma ovelha. Não é moeda de metal. Tem arbítrio, vontade própria. Só resta ao velho pai... esperar... Uma esperança sem garantias, mantida a pulsar no coração, mesmo contra toda evidência. Voltará o filho algum dia? Não há certezas, mas o amor não vive de certezas. O amor é capaz de fazer apostas e... esperar...
De volta à casa do pai, o filho que pecou avalia que não é mais possível recuperar a estatura filial: “Não mereço ser tratado como filho... Trata-me como um dos empregados...” Mal sabe ele que o Pai continua pai. “E enquanto eu for pai, você continua a ser meu filho...” É da natureza de Deus ser um Pai. Nada que possamos fazer apagará sua imagem paterna. Daí o beijo, a roupa nova, os sapatos, o anel – sinais da filiação recuperada...
Sair a campo... Varrer a casa... Esperar... Todos os dias nós temos oportunidades de amar e de exercer a misericórdia. Alguém anda perdido em seus descaminhos e, a qualquer momento, poderá apresentar-se à nossa frente.
Quando isso acontecer, como reagiremos?
Orai sem cessar: “Todos os caminhos do Senhor são misericórdia...” (Sl 25,10)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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