Para andarem com Ele... (Mc 3,13-19)
Desde os
primeiros passos de sua vida pública, Jesus quis cercar-se de seguidores. Do
grupo maior, ele escolheu Doze como colunas de sua futura Igreja. Como Deus
sempre faz em relação a nós, trata-se de uma “eleição”. Um ato de livre escolha
da parte d’Aquele que é a liberdade infinita.
Tais
escolhas do Senhor costumam incomodar. Muitas vezes, os outros se sentem
preteridos, como Caim diante de Abel. Como Esaú diante de Jacó. Ou como os
outros onze irmãos diante de José do Egito. Incomoda a eles que alguém seja
objeto de amor especial. “Eles” nem mesmo fazem questão de serem mais amados,
apenas não podem admitir que um outro o seja...
Pior ainda:
os critérios da eleição divina não “batem” bem com nossos pobres critérios
humanos. Se fôssemos nós a escolher os Doze, por certo teríamos entre eles um
especialista em propaganda e marketing, para a difusão da Boa Nova.
Teríamos também um financista, para garantir os fundos. Teríamos alguém ligado
ao Palácio, para “mexer os pauzinhos”... E daí por diante.
Por
critérios que dificilmente chegamos a entender, Jesus elege pobres pescadores,
dois zelotas (isto é, guerrilheiros!), um publicano (vendilhão da pátria?),
semianalfabetos... Natural que fossem alvo de zombaria e irrisão. Bela troupe!
Nós também
somos escolhidos. Também nós somos missionários da Boa Nova. E quando o Senhor
nos chama, sem perceber que ele deseja nossa companhia, logo nos perguntamos o
que é que temos de fazer. Filhos de uma civilização utilitária,
dinâmica, de produção e consumo, estamos acostumados a valorizar a pessoa por
aquilo que ela faz, seu produto, sua eficácia.
Decepção!
Não é isso – ao menos no primeiro momento – que Jesus espera de nós. Ele nos
chama “para estar com ele”. Toda missão começa com um tempo de permanência
junto a Jesus. Ali, bem perto, podemos ouvir suas palavras e contemplar os seus
gestos. Depois de algum tempo (só ele sabe quanto!), assimilaremos, quem sabe,
o seu jeito de ser e, só então, teremos condição de sair em direção ao outro
para transmitir a única mensagem que vale a pena: o próprio Senhor.
Sim, “ele os
enviaria a pregar e a expulsar os demônios” do mundo pagão; Mas depois. Só depois.
Por enquanto, é tempo de “ficar”, permanecer ao seu lado, no silêncio da
adoração, saturando-nos de sua Palavra.
Missionários
verdes não dão fruto...
Orai sem cessar: “O Senhor me chamou desde o seio materno!” (Is 49,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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