sábado, 21 de janeiro de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Vieram para detê-lo... (Mc 3,20-21)
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           Apenas dois versículos do Evangelho são suficientes para evidenciar as barreiras experimentadas por Jesus Cristo em seu ministério. Que ele fosse perseguido pelos saduceus, é natural: eles detinham o poder religioso e lucravam com isso; Jesus dá de graça a cura e o perdão. Que Jesus fosse contestado pelos fariseus, entende-se: eles pregavam a Lei na pedra fria; Jesus apontava para a misericórdia.

            Desta vez, porém, os inimigos são “de dentro”: “Até o amigo em quem eu confiava, também aquele que comia do meu pão, levanta contra mim seu calcanhar”. (Sl 41[40],10.) Desta vez, são os familiares de Jesus que o procuram “para detê-lo” em sua missão, pois um aprendiz de carpinteiro que se faz de profeta e taumaturgo, só pode ter enlouquecido...
            Curar é sinal de loucura? Falar do amor do Pai é coisa de demente? Preferir os marginais é sintoma de desequilíbrio mental? Foi exatamente isto o que eles pensaram...
            Ainda hoje, pode parecer loucura apostar na esperança. Optar por uma vida simples e sóbria. Acreditar no amor e na fidelidade. Loucuras... para o mundo pagão.
            Entre outras loucuras modernas, destaca-se a misericórdia. É neste momento que apontam o “bandido morto” como o “bandido bom”. É neste Séc. XXI que reclamam a pena de morte para justiçar o criminoso. É em nossos dias que os pobres são expulsos de seu lar quando não podem pagar as prestações da casa própria.
            Daí, a importância e a atualidade das palavras do Papa Francisco em sua Carta apostólica “Misericordia et Misera”, de novembro de 2016:
“Querer estar perto de Cristo exige fazer-se próximo dos irmãos, porque nada é mais agradável ao Pai do que um sinal concreto de misericórdia. Por sua própria natureza, a misericórdia torna-se visível e palpável numa ação concreta e dinâmica. Uma vez que se experimentou a misericórdia em toda a sua verdade, nunca mais se volta atrás: cresce continuamente e transforma a vida. É, na verdade, uma nova criação que faz um coração novo, capaz de amar plenamente, e purifica os olhos para reconhecerem as necessidades mais ocultas. [...]”
“A misericórdia renova e redime, porque é o encontro de dois corações: o de Deus que vem ao encontro do coração do homem. Este inflama-se e o primeiro cura-o: o coração de pedra fica transformado em coração de carne (cf. Ez 36, 26), capaz de amar, não obstante o seu pecado. Nisto se nota que somos verdadeiramente uma ‘nova criação’ (Gl 6,15): sou amado, logo existo; estou perdoado, por conseguinte renasço para uma vida nova; fui ‘misericordiado’ e, consequentemente, feito instrumento da misericórdia.” (MeM, 16)
            Seremos loucos a ponto de seguir este caminho?
Orai sem cessar: “O que é loucura de Deus é mais sábio que os homens.” (1Cor 1,25)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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