domingo, 22 de janeiro de 2017

PALAVRA DE VIDA

E foi morar em Cafarnaum... (Mt 4,12-23)
Resultado de imagem para (Mt 4,12-23)           Por que Jesus deixou Nazaré e se transferiu para Cafarnaum? Parece que o Messias não levou em conta a fama da nova cidade... À beira do Lago de Genesaré, está a terra de Zabulon e Neftali, as duas primeiras tribos que experimentaram o castigo dos assírios e foram vergonhosamente arrastados para o exílio (cf. 2Rs 15,29). É por ali mesmo, neste centro comercial, que passam e se misturam os pagãos, fenícios e samaritanos, deixando as sementes de seus sórdidos costumes. Pois é ali que Jesus vem residir...

            Para espanto dos fariseus da Judeia e dos saduceus do Templo, Jesus escolhe a companhia dos corrompidos, dos desprezados, dos que vivem à margem. Nas palavras de Hébert Roux, “é para a parte mais desprezada de Israel – a Galileia dos pagãos – aquela que melhor representa o sofrimento e a miséria espiritual de seu povo, é para as ‘ovelhas perdidas da casa de Israel’ que Jesus se volta primeiro para anunciar a Boa Nova. Esta é destinada àqueles que, sendo pobres e desprezados, têm a oportunidade de acolher a graça que lhes é dada”.
            Como será acolhida a presença de Jesus? Como receberão o novo Morador? Terão olhos de ver e ouvidos de ouvir? Como reagirão aos milagres e às palavras do novo Visitante? Valerá a pena esse itinerário na direção do pecador?
            Se o leitor estender a vista até o capítulo 11 do mesmo Evangelho, concluirá de modo negativo: “E tu, Cafarnaum, acaso serás elevada até o céu? Até o inferno serás rebaixada! Pois se os milagres realizados no meio de ti se tivessem produzido em Sodoma, ela existiria até hoje! Eu, porém, te digo: no dia do juízo, Sodoma terá uma sentença menos dura que tu!” (Mt 11,23-24)
            Desperdício da Graça? Tudo indica que sim. E acendem-se para nós todos as luzes vermelhas do alerta máximo. Estamos tão acostumados à suave pregação do Deus misericordioso – e ele o é de fato! –, que acabamos por fazer corpo mole, deixamos de cooperar com a Graça e acabamos em uma atitude de grosseira indiferença em relação a nosso destino último.
            Afinal, de que adianta o anúncio de um novo Reino, a proclamação de uma Boa Nova, se a nossa atitude continua velha? Como observa Hébert Roux, “o tempo em que o Reino está próximo, isto é, em que Deus se aproxima de seu povo para exercer sua justiça, é também o tempo em que é possível arrepender-se, ou seja, reconhecer para si mesmo a necessidade de uma justiça nova: a novidade da mensagem implica a novidade daquele que recebe a mensagem”.
            Nos últimos tempos, Jesus tem-se mudado para muitas cidades, muitas paróquias, muitas comunidades. Como terão recebido o novo morador?
Orai sem cessar: “Eis que estou à porta e bato...” (Ap 3,20)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

Nenhum comentário:

Postar um comentário