Eu me chamo Legião... (Mc 5,1-20)
Entre
batizados, é rara a possessão demoníaca. Na China e na Índia, cujas populações
são predominantemente pagãs, missionários verificaram que ali são mais frequentes
essas invasões do Maligno.
Os
exorcistas citam quatro graus de ação demoníaca sobre pessoas humanas: tentação,
infestação, possessão e sujeição. Na tentação, o Inimigo está de
fora, sugere o mal ou tenta afastar-nos do bem. Na infestação, uma de
nossas faculdades (imaginação, memória, inteligência etc.) é afetada ou abalada
pelo Maligno, mas ainda temos liberdade para agir conforme a própria volição.
Na possessão, a pessoa é
tomada (entre batizados, isto só acontece com a própria colaboração, nunca como
invasão à força!) e já não consegue usar livremente sua vontade. Vi,
pessoalmente, casos em que o possesso tentava e não conseguia rezar o
Pai-Nosso. A voz emitida assemelhava-se ao rosnar de um animal feroz. A
recuperação da liberdade exigirá a ação de um exorcista.
Na sujeição, a situação é
ainda mais grave, pois alguém se entrega ao demônio como autêntico agente do
mal. É o caso de mulheres que, conscientemente, se dedicam a desviar sacerdotes
de seu ministério. É também o de membros de seitas satânicas, que “celebram”
missas negras e oferecem sacrifícios humanos ao Príncipe das trevas. Esse tipo
de culto vem-se propagando nos EUA e na União Europeia, de forma crescente,
após a Segunda Guerra Mundial.
Neste Evangelho, interpelado por
Jesus, o demônio se autodenomina “Legião”. Trata-se de um coletivo para o
grupamento do exército romano, que podia variar de 3000 a 6000 soldados ou
legionários. No caso, a palavra serve de imagem para a des-personalização da
pessoa, quando diferentes “eus” convivem no seu íntimo, a ponto de perder o
domínio sobre si mesma.
Os racionalistas tentam negar aquilo
que faz parte da mais legítima tradição católica: a existência de anjos bons e
anjos maus (demônios). Reduzem tais manifestações a distúrbios do psiquismo,
alucinações coletivas, projeções do inconsciente e fenômenos parapsicológicos.
Não é esta a doutrina da Igreja.
Em alocução de 15/11/1972, o Papa
Paulo VI advertia: “O mal já não é apenas uma deficiência, mas uma eficiência,
um ser vivo, espiritual, pervertido e perversor. Trata-se de uma realidade
terrível, misteriosa e medonha. [...] Sai do âmbito dos ensinamentos bíblicos e
eclesiásticos quem se recusa a reconhecer a existência desta realidade.”
Orai sem cessar: “Deus se levanta, seus inimigos se dispersam.” (Sl 68,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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