terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Palavra de vida

 E riam-se dele... (Mc 5,21-43)
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            Talvez seja este um dos aspectos mais chocantes de todo o Evangelho: Jesus provocava o riso e a zombaria daqueles que o rejeitavam. Por quê?

            Bem, Jesus era pobre. Enquanto os ricos recebem cumprimentos e louvores, salamaleques e rapapés, os pobres são alvo de escárnios e galhofas.
            Depois disso, Jesus era um Galileu, isto é, um roceiro. Ele devia falar com o sotaque próprio daquelas bandas, provocando chacotas dos moradores da Judeia. É bom lembrar que até Simão Pedro, um simples galileu, foi identificado exatamente pelo sotaque de roceiro (cf. Mc 14,70).
            Mais ainda: Jesus elogiava a pobreza e mostrava a vaidade das riquezas, dava valor às coisas espirituais e diminuía o brilho do dinheiro, do luxo, do poder. Natural, quem andava em busca destas coisas, devia considerar sua pregação como loucura (cf. Mc 3,21). E debochavam do Galileu sonhador...
            A coisa não para aí: o ensinamento de Jesus parecia chocar-se com a antiga Lei de Moisés em certas referências aos costumes, preceitos e até mesmo o Templo de Jerusalém. Chegam a dizer que Jesus está possesso de um demônio! (Cf. Mc 3,30.) Querem desprezo maior?
            Mas este Evangelho traz mais um motivo que levava os adversários a zombar dele: a menina está morta – eles já decidiram isto – e Jesus ousa dizer que ela apenas dorme. Este ato de esperança é intolerável para aqueles que cultuam a morte. Desta vez, as caçoadas são ostensivas, pois o Rabi da Galileia age como quem ignora todas as evidências materiais. E tome troças e motejos!
            Hoje a situação é bem a mesma. Uma civilização da morte aprova o aborto e a eutanásia, faz comércio de armas e acumula ogivas atômicas em seus arsenais; se surge alguém a favor da vida, será o alvo preferencial dos difamadores e zombeteiros. Em uma de suas viagens à França, o saudoso Papa João Paulo II foi rotulado pela mídia anticlerical de bobo e de palhaço. No mesmo país, Madre Teresa de Calcutá era acusada de usar os miseráveis para recolher fortunas.
            Os inimigos de Cristo não têm limites em seu sarcasmo. Mas espera por eles o mesmo susto dos contemporâneos de Jesus, quando disse à menina: “Thalita, kum!”, isto é, “Menina, levanta-te!”, e ela imediatamente se pôs de pé.
            Se um de nós ouve o imperativo de Jesus e se põe de pé, mesmo quando todos apostam em nossa morte espiritual e moral, Jesus fica livre de tantas infâmias. Quem sabe, reconhecerão o seu poder e invocarão seu santo Nome?
Orai sem cessar: “Meu Deus, livrai-me das garras do inimigo!” (Sl 71 [70],4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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