Filho do carpinteiro? (Mc 6,1-6)
Alguns dizem: “Se eu tivesse vivido
no tempo dos Apóstolos, se eu visse a Cristo como eles viram, eu seria santo
como eles foram”... Pura ilusão! Seria grande o risco de recusar o Messias como
tantos fizeram, aprisionados à sua figura humana que ocultava sua divindade. Simeão,
o Novo Teólogo, comenta:
“Eles ignoram que Cristo é o mesmo,
ele que fala, agora como naquele tempo, em todo o universo. Pois se ele não
fosse o mesmo, outrora como agora, idêntico a Deus sob todos os aspectos, por
suas operações e seus ritos, como o Pai se mostraria sempre presente no Filho,
e o Filho no Pai, pelo Espírito, já que o Cristo diz: ‘Meu Pai trabalha ainda
hoje, e eu também trabalho’ (Jo 5,17) ?
Alguém, no entanto, talvez diga:
‘Não é a mesma coisa tê-lo visto corporalmente, naquele tempo, ou ouvir
unicamente as suas palavras, agora, e receber um ensinamento sobre e ele e seu
Reino’. E eu respondo: ‘Seguramente a situação atual não é a mesma de então,
mas é a situação atual, a de hoje, que é a mais feliz. Ela nos conduz mais
facilmente a uma fé e uma convicção mais profundas que o fato de o ter visto e
ouvido corporalmente’.
Então, de fato, era um homem que
aparecia aos judeus sem inteligência, um homem de humilde condição; mas agora é
um verdadeiro Deus que nos é pregado. Naquele tempo, ele visitava corporalmente
os publicanos e pecadores, comia com eles; mas agora, ele está sentado à
direita de Deus Pai, nunca estando separado dele de maneira alguma. Cremos que
ele alimenta o mundo inteiro, e nós dizemos – ao menos se somos crentes – que
nada se fez sem ele.
Na época, até a gentinha o
desprezava, dizendo: ‘Não é o filho de
Maria (Mc 13,15) e de José (Lc
4,22), o carpinteiro (Mt 13,55) ? Mas
agora os reis e os príncipes o adoram como o Filho do verdadeiro Deus, e
verdadeiro Deus ele-mesmo, e ele glorificou e glorifica aqueles que o adoram em
espírito e verdade, ainda que os corrija quando pecam. Aos que eram de argila,
torna-os de ferro, colocando-os acima das nações que estão sob o céu. [...]
Assim, quem ouve atualmente, a cada
dia, Jesus proclamar e anunciar pelos santos evangelhos a vontade de seu
bendito Pai, sem lhe obedecer com temor e tremor, sem guardar seus mandamentos,
também não teria aceitado absolutamente, na época, crer nele, ainda que
estivesse presente, e pessoalmente o tivesse visto e ouvido pregar.”
Orai sem
cessar: “Creio,
Senhor, mas socorre minha falta de fé!” (Mc 9,24)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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