Então, amigo
Pedro, vocês deixaram tudo por Jesus... Tudo, mesmo? Ora, eu sei muito bem o
que vocês deixaram... Uma barca velha, cansada de vogar. Umas redes podres, que
vocês viviam remendando (cf. Mc 1,19). Um lago pobre, que só dava peixes quando
o Mestre fazia milagres (cf. Lc 5,5-7; Mt 17,27; Jo 21,6-8). Grande coisa vocês
deixaram!!!
Bem, não
devo exagerar: reconheço que deixaram também o velho pai e por certo romperam
com certas garantias. Levi-Mateus deixou sua “produtiva” coletoria de impostos.
Mesmo assim, que bela vantagem vocês levaram! Entre Jesus e “tudo”, vocês não
tinham mesmo que hesitar...
Você se
lembra de Paulo de Tarso? Após conhecer Jesus na estrada de Damasco, também ele
abriu mão de tudo para seguir o Mestre: pátria, raça, a Lei, a cidadania.
Lembra suas palavras? “Todas essas coisas, que para mim eram ganhos, eu as
considerei como esterco por causa de Cristo!” (Fl 3,7)
Desde esse
dia, à margem do lago, vocês levaram vida de peregrinos, quase uns mendigos,
palmilhando as estradas da Palestina poeirenta. Mas valeu a pena ser mendigo de
coisas e ter o coração cheio de amor, não é?
Aliás, foi
pensando nisso que escrevi meu soneto “O
Mendigo Feliz”:
Nada tenho de meu. Nada
de mim.
Meu derradeiro asse –
meu seguro –
Caiu das minhas calças
pelo furo
E do bolso rolou pelo
jardim.
Assento-me no banco, entre o jasmim
E a roseira de hálito tão puro,
Que estende suas flores sobre o muro,
Sangrando no cimento o seu carmim...
Sou mendigo. Assento-me
na praça
Para esperar – quem
sabe? – o Amor que passa
E traz a esmola humilde
que eu nem quis...
Apenas um mendigo sem um nome,
Mas se o Amor me vem matar a fome,
Posso morrer... Mendigo, mas feliz...
Orai sem cessar: “De
todo o meu coração eu te procuro, Senhor!” (Sl 119,10)
Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica
Nova Aliança.
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