Em lugar
secreto... (Mt 6,1-6.16-18)
Nosso
Deus é um Deus misterioso. Gosta de segredos. Não gosta de fazer propaganda...
Não é fácil
para nós, imersos em uma sociedade pragmática, em busca de resultados,
adoradora da eficiência, conviver com um Deus que age no silêncio. Um Deus que
é onipotente, mas encolhe as mãos e se deixa limitar por nossas mediações
humanas. Chegamos a reclamar que a Igreja precisa melhorar o seu marketing!...
Nós gostaríamos de um Deus espalhafatoso, com os trovões do Sinai e os tsunamis
do Mar Vermelho, arrasando os egípcios e filisteus, e convencendo os incrédulos
à força. E – naturalmente – nós seríamos os vencedores com o Deus vitorioso!
Deus
é diferente. Trabalha ocultamente, sob a casca das coisas. Deus age no interior
dos corações. Transforma o mal no bem. E não faz propaganda de sua bondade
ativa. Ele não quer convencer. Prefere seduzir...
No
tempo de Jesus, os fariseus eram os mais “religiosos” de todos. E faziam
questão de demonstrar publicamente como eram cumpridores dos mandamentos e
preceitos. Na expressão usada por Jesus, eles “tocavam trombeta” adiante de
si... No fundo, faziam o bem para serem louvados e aplaudidos. Sua motivação
não era reta. Tal como certos filantropos que usam a filantropia para levar
vantagens e “vender uma imagem” positiva de suas pessoas ou de suas empresas.
No
tempo da Quaresma, vestida de roxo, a Igreja nos convida a um mergulho em nosso
íntimo. Em oração e jejum, temos um encontro marcado com o Senhor no “quarto fechado”
de nosso coração. O Evangelho nos alerta: não precisamos fechar a cara, amarrar
a tromba, para mostrar algum traço de piedade em nosso exterior. Ao contrário,
fala de lavar o rosto e perfumar os cabelos: irradiar alegria e paz à nossa
volta.
Só
mesmo Deus é capaz de ler os segredos de nosso coração. Só a ele cabe avaliar
se o amamos de fato. Se nossa vida é uma resposta amorosa ao seu chamado. Se
nossos atos refletem a verdade interior ou se, infelizmente, merecemos o velho
ditado: “por fora, bela viola; por dentro, pão bolorento”...
Aliás,
o jejum nos exorta a abrir mão de nossa própria força e energia, para contar em
tudo com a força que vem de Deus, o dinamismo do Espírito Santo, o único que
pode curar o mundo e santificar os homens...
Orai sem cessar: “Nossos olhos estão voltados para
o Senhor!” (Sl 123,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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