Ficavam curados... (Mc 6,53-56)
Um dos sinais
messiânicos é exatamente a libertação das enfermidades. Uma das facetas do
Messias – ao lado do Mestre e do taumaturgo – é seu perfil de Médico. Uma “medicina”
que regenera o corpo (ao limpar o leproso) e a alma (ao perdoar pecados e
expulsar demônios).
Quando o racionalismo
iluminista invadiu certos setores da Igreja, em especial as camadas da teologia
acadêmica, veio crescendo um claro mal-estar diante do “ministério de cura” da
Igreja. No centro, uma espécie de ressentimento contra Deus que, tendo dado ao
mundo material as leis físicas, químicas e biológicas, estaria agora atrelado a
suas próprias leis e, por isso mesmo, proibido de interferir no mundo dos
homens. Nosso mundo!
Sua pregação afirma
que os doentes devem ir ao médico. Os angustiados, ao psiquiatra. Os
paralíticos, ao fisioterapeuta. Em resumo, devemos esquecer o céu e contar
apenas com nossos recursos humanos.
Mas o povo simples
ainda espera do bom Deus a cura de seus males físicos, morais e espirituais. E
faz muito bem em agir assim. A salvação que nos trouxe o Senhor Jesus é
dirigida ao homem integral. A Encarnação do Verbo de Deus foi pra valer! Assim,
inspirado em S. Gregório Nazianzeno, compus o soneto “Encarnação”, que ofereço a você, que me lê:
Um Deus que chora, e
faz cessar o pranto,
O que tem sede, e vem
nos saciar,
Sofre o cansaço, e
chama a repousar
Sob as dobras
tranquilas de seu manto...
Um Deus tentado, e permanece Santo,
O batizado, e vem nos batizar,
Baixado ao túmulo, vem nos chamar
A dominar a morte e o seu espanto...
Feito escravo por
dracmas de prata,
A humanidade inteira
ele resgata,
Cura a cegueira e rasga
todo véu!
Pregado em sua Cruz obscurecida,
Ele a transforma em árvore da Vida
Pra nos reconduzir de volta ao Céu!
Orai sem cessar: “É Ele quem cura todos
os teus males!” (Sl 103,3)
Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.
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