terça-feira, 21 de março de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Não devias tu também? (Mt 18,21-35)
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               Nesta parábola, a pergunta do rei supõe uma dívida. Dívida que é de todos nós. A dívida do perdão. Se fomos perdoados à custa do sangue de Cristo, com que direito nos negaríamos a perdoar nossos credores?

               E não se trata de credores que levaram nosso ouro emprestado, ou uns meros caraminguás que nem nos fazem falta. São credores que nos humilharam, nos agrediram, nos assaltaram, nos difamaram, nos violaram, nos traíram. E o rei insiste: “Não devias também tu ter compaixão, como eu tive compaixão de ti?”
               Segundo o comentário de Hébert Roux, o ensinamento desta parábola lembra-nos qual é nossa situação diante de Deus, que se esconde no “rei” da parábola contada por Jesus. É a condição de um devedor em situação de insolvência. “Mesmo fazendo o inventário de todos os valores que representam sua pessoa e seus bens, o servidor sabe que não poderá satisfazer às exigências de seu senhor, a despeito de suas promessas.”
               O servidor sem fundos para cobrir a dívida impagável devia sua liberdade tão somente a um decreto real de pura “graça”. É a Graça divina que liquida nossas faturas, não as nossas boas ações, nem nossos eventuais méritos, geralmente nascidos de nossa imaginação autopiedosa. E a indignidade do servo perdoado cresce aos nossos olhos quando ele se recusa a perdoar uma dívida insignificante, se comparada à sua própria.
               “Aqui – observa H. Roux – Jesus coloca em termos concretos o grande problema da moral cristã, que se tornará um dos temas essenciais da pregação apostólica: ‘Conduzi-vos de maneira digna do Evangelho...’ (Fl 1,27) ‘Revesti-vos do homem novo criado à imagem de Deus...’ (Ef 4,23) ‘Tornai-vos imitadores de Deus...’ (Ef 5,1) Em lugar de imitar seu senhor, o servidor impiedoso se comporta em relação a seu companheiro exatamente como o rei não quis comportar-se com ele.”
               O mesmo autor vai estender sua reflexão, afirmando que a graça que recebemos deve ser geradora de uma vida nova, ou não será graça. Deve marcar o início de uma vida nova, e não o fim de nossas relações com Deus. Não admira, pois, que o “amarás ao Senhor, teu Deus” venha inseparavelmente jungido ao “amarás a teu próximo”. Dois mandamentos que formam dois braços de uma cruz: a relação vertical com Deus e a relação horizontal com nosso próximo.
               Claro, quem não se sente perdoado terá dificuldade em perdoar. Quem se declara justo diante de Deus será sempre um juiz impiedoso... O mundo pagão é implacável!
Orai sem cessar: “Eu quero misericórdia, e não sacrifícios...” (Os 6,6)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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