Esse será grande! (Mt
5,17-19)
A
humanidade sempre tem sonhos de grandeza. As mães dizem aos filhos: “Seja um
grande homem!” Os livros de História falam em grandes heróis, grandes generais,
grandes navegadores. Os poderosos pretendem imortalizar-se por suas grandes
obras: pirâmides, jardins suspensos, muralhas quilométricas, estradas
transmazônicas, estátuas monumentais, arenas olímpicas, torres que chegam ao
céu.
Passa
o tempo e nivela o terreno. Chuvas e ventos, terremotos e tempestades,
inundações e ataques terroristas: e a grandeza humana é transformada em lama e
pó. Não é à toa que grandes navegadores morreram na miséria. Grandes generais
se suicidaram. Grandes pensadores acabaram recolhidos em hospícios. Uma imagem
forte para a loucura de nossas grandezas...
Deus
vê as coisas de modo bem diferente. Ele – o único que é grande! – sabe que
somos pequenos. Sabe que somos uns vermezinhos. E Deus nos ama em nossa extrema
pequenez. No entanto, o Senhor nos abre um caminho para o crescimento: a
participação em sua obra de salvação.
No Evangelho
de hoje, Jesus afirma que será grande aquele que cumprir a Lei de Deus e a
levar ao conhecimento dos outros. É assim que um ex-cobrador de impostos se
torna um grande evangelista. Um velho pescador vem a ser um grande Papa. Um
ex-guerrilheiro é promovido a grande mártir.
Claro,
nada que o mundo pagão entenda como grandeza. Nada de glórias humanas. Nada de
fama, riqueza ou poder, pois o Reino inverte (subverte?) todos os valores
humanos. Nele, mendigos como Francisco de Assis atraem multidões. Mulheres
frágeis como Teresa de Calcutá acabam recebendo o Prêmio Nobel. Uma mocinha da
roça, como Maria de Nazaré, é escolhida para ser a Mãe de Deus...
Quando
alguém chega a compreender a tábua de valores do Espírito, não consegue mais
viver a vida velha. É quando o capitão Iñigo de Loyola troca a espada pelo
Evangelho. Francisco troca a fortuna do pai pela pobreza dos mendigos. Clara
corta os cabelos que atraíam os olhares.
Centrados em
um Amor que o mundo não pode dar, eles tornaram-se grandes santos. Por sua
santidade, os grandes parecem pequenos! Alfabetizam crianças catarrentas, dão
catecismo na favela, trocam o curativo dos leprosos. Cumprem ordens, ganham
mal, morrem pobres. E quando chegam ao céu, o próprio Rei lhes vem lavar os
pés...
Orai sem cessar: “O
Senhor ergue o fraco da poeira!” (Sl 113,7)
Texto de Antônio Carlos Santini,
da Comunidade Católica Nova Aliança.
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