Ambos
corriam juntos...
(Jo 20,1-9)
Madrugada de domingo. Ainda está
“meio escuro”. Mas todos parecem ter pressa... Depois do silêncio e da
imobilidade do Sábado Santo, quando os corações estavam de luto pela morte do
Senhor, os primeiros boatos sobre a Ressurreição injetam adrenalina e mobilizam
os músculos... das pernas! É hora de correr!
De fato, Madalena corre até Simão
Pedro para anunciar que o túmulo estava vazio. Pedro e o outro discípulo (João,
que narra a cena) também correm. Correm juntos, diz o texto do
Evangelho: duo simul, traduziu São Jerônimo.
Temos aqui dois tópicos para nossa
reflexão. Se nosso cristianismo estacionou no Cristo morto da Sexta-feira
Santa, adotaremos uma atitude estática, morna, rotineira. Deixaremos as coisas
como estão. Teremos as pernas pesadas. Mas se ouvimos a boa notícia da
Ressurreição do Senhor, de imediato moveremos as pernas e nos poremos a
caminhar. No mínimo, nos moveremos para “verificar” a notícia. E, uma vez
verificada, seremos os missionários que o Senhor deseja. Madre Teresa de
Calcutá confirma: “Se queremos ser missionários, precisamos mover as pernas!”
O segundo ponto é que Pedro e João –
isto é, a instituição e o carisma – corriam juntos, harmônicos e complementares. E se João, muito
mais moço, chega primeiro, tem o visível cuidado e a reverência de aguardar por
Simão Pedro. Este entrará primeiro no túmulo vazio. E ambos – juntos –
contemplarão vazio o casulo formado pelas bandagens que antes envolveram o
corpo do Senhor.
Os 32 kg de aromas (mirra em pó e
aloés líquido) com que José de Arimateia envolvera o cadáver de Jesus, segundo
o costume judaico (cf. Jo 19,39-40), produziram, após algumas horas, uma crosta
sólida que manteve o formato do “casulo” depois que Jesus, ao ressuscitar,
abandonou seu invólucro temporário. E sem desmanchar as bandagens que envolviam
seu corpo, como se vê nos ícones da Igreja do Oriente! Foi esta imagem que
levou o discípulo a ver e crer (v. 8).
Nossa Igreja precisa levar em conta
esta permanente lição: a Instituição precisará sempre do ânimo novo do Carisma
e não pode sufocá-lo. Este, por sua vez, depende muito da estabilidade e do
discernimento da Hierarquia. Como nos ensinou o Concílio Vaticano II, o
Espírito Santo “dota e dirige a Igreja mediante os diversos dons hierárquicos e
carismáticos”. (Cf. Lumen Gentium, 4.)
Inaugurando um novo tempo pascal,
qual será o novo trajeto em que devemos caminhar? De que maneira nós estamos
procurando harmonizar os nossos carismas com a instituição eclesial?
Orai sem cessar: “Fazei-nos, Senhor, testemunhas
de vossa ressurreição!”
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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