Não acreditaram nela... (Mc 16,9-15)
Mais uma vez, em uma sociedade
que deixava a mulher em segundo plano, o Evangelho nos mostra Maria Madalena
como precursora no anúncio da Ressurreição de Jesus, tal como outra mulher – a
Samaritana – fora também pioneira em anunciar o Messias a seus conterrâneos
(cf. Jo 4). Os discípulos choravam, guardando luto. Ela, ao contrário, traz uma
notícia de vida e eles se recusam a crer.
De passagem, vale lembrar que não
poucos “teólogos” racionalistas têm atribuído os evangelhos da ressurreição à
piedosa imaginação das comunidades cristãs, negando-lhes o caráter de
testemunhas oculares. Teriam sido criações posteriores, sem valor histórico.
Ora, basta olhar de perto a dificuldades dos próprios apóstolos e discípulos em
crer que, de fato, Jesus vencera as barreiras da morte e se manifestava vivo,
para verificar de modo cabal como eles haviam sido atropelados pelos
acontecimentos, os quais superavam de longe a mais “piedosa” de suas
expectativas... Até mesmo para eles, os seguidores mais íntimos, aquilo era
demais!
Segundo o evangelista São Marcos
(cf. Mc 16,12-13), a mesma incredulidade se manifesta diante do relato dos dois
caminheiros de Emaús. Por isso mesmo, Jesus vem agora censurar-lhes a
incredulidade e a “dureza de coração”. Aqui, um alerta: a atitude de não crer
nas testemunhas de Cristo denuncia o “coração duro”. Tomé mereceria repreensão
semelhante ao limitar sua fé aos fatos sensíveis. (Cf. Jo 20,27.)
Pois é a esse mesmo grupo de
incrédulos que Jesus vai encarregar do anúncio do Evangelho, ponto de partida
para o despertar da fé (cf. Rm 10,14.) Quando, no futuro, seus ouvintes
demonstrarem dificuldades em crer, os apóstolos poderão dizer-lhes: “Comigo
também foi assim!”
São eles, agora, portadores de
uma tarefa que os onera pesadamente e cobre de responsabilidades: “Quem crer e
for batizado, será salvo; quem não crer será condenado”. Leia-se: o anúncio de
que Jesus me encarregou é essencial para a salvação de muitos. Não se trata de
uma tarefa optativa, que posso abandonar sem consequências. Se eu me recuso a
cumprir minha missão, serei responsabilizado por isso!
Não há limites para este anúncio.
Jesus afirma que ele deve ser dirigido “a todas as criaturas”. Ninguém é tão
bom que dele não precise. Ninguém é tão decaído que não possa ser salvo pelo
Evangelho.
Tenho cumprido minha missão de
evangelizador? Ou minha omissão contribui para a perda de meus irmãos?
Orai sem cessar: “Dá-nos, Senhor, anunciar tua
Palavra com desassombro!”
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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