domingo, 23 de abril de 2017

PALAVRA DE VIDA

Vimos o Senhor! (Jo 20,19-31)
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Muitas vezes, temos sido um tanto ásperos em nossas críticas ao apóstolo Tomé, que condicionou seu ato de fé a uma experiência sensorial do Ressuscitado: ver as marcas dos cravos em suas mãos, tocá-las com os próprios dedos, levar a mão à chaga do Lado. “Se não vir... não acreditarei!” E nos esquecemos de que os outros dez levavam vantagem sobre ele: eles tinham visto!
De fato, não temos como imaginar o impacto emocional sofrido pelos apóstolos quando Jesus, sabidamente morto, se apresenta vivo, visível, palpável, assentando-se à mesa com seus discípulos. Por isso mesmo, nós deveríamos ser mais compreensíveis com o pobre Tomé que, ausente na primeira “visita” do Mestre, não o pudera ver.
Podemos também avaliar a perplexidade de Tomé ao rever os apóstolos e ouvir deles o testemunho emocionado: “Vimos o Senhor!” É o testemunho fundamental da Igreja: a experiência pascal do Cristo que venceu a morte. Sem esse testemunho, nossa fé e nossa pregação seriam vãs (cf. 1Cor 15,14). Exatamente por avaliar o potencial explosivo de um testemunho assim, os homens do Templo espalhariam o boato do roubo do corpo de Jesus (cf. Mt 28,13).
Os séculos passam, sucedem-se as gerações e nossa fé cristã continua a se apoiar nesse testemunho do começo: a experiência vital daqueles que “viram” a Jesus Cristo ressuscitado. De tudo o que nos foi passado pelos Evangelhos e pela Tradição apostólica, o ponto central está aí ancorado: Jesus ressuscitou!
Levados aos tribunais e arenas, diante de juízes e carrascos, as testemunhas permanecerão firmes em declarar com audácia o conteúdo de sua experiência. Um ato de fé da Igreja e de cada fiel que os leva a uma opção radical entre o martírio e a apostasia. Estêvão seria lapidado – ele, o protomártir – exatamente por este ato de fé. Pelo mesmo motivo Paulo seria preso e degolado.
Nós nascemos depois, em outra fatia da História. Mas nossa fé continua a mesma e as perseguições perduram, pois a cruz de Cristo ainda incomoda. Os bispos presos na China e os monges degolados por fanáticos islâmicos em Tibhirine, no Monte Atlas, reavivaram a mesma chama em pleno Séc. XX. Nós não vimos, mas cremos. E, assim, acabamos por merecer do próprio Cristo uma nova bem-aventurança: “Bem-aventurados os que não viram e creram!” (Jo 20,29.)
Como anda a nossa fé? Damos testemunho de Jesus em nosso meio? Ou nossa chama ameaça apagar-se?

Orai sem cessar: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,28)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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