... deu o seu Filho
único... (Jo 3,16-21)
Ainda há pessoas que contemplam a
Cruz do Calvário e apenas veem nela um instrumento de tortura. Impactados pelo
sangue e pelas chagas, chocados com os flagelos e a coroa de espinhos, seu
olhar se detém no sofrimento. E assim perdem a oportunidade de contemplar o
Amor. Um amor sem medidas nem barreiras, amor que abraça a morte para nos
salvar.
Em outra passagem do Evangelho,
Jesus havia ensinado: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos
amigos”. (Jo 15,13.) Como sempre, Jesus pratica o que ensina. Por isso subirá o
Calvário e morrerá na Cruz.
Muita gente ainda se pergunta: Deus
não poderia ter encontrado algum outro meio de salvar a humanidade? Precisava
ser logo a Cruz, um “método” tão doloroso? E tendo como vítima propiciatória
exatamente o seu próprio Filho? A resposta a esta pergunta pode ser mais
simples do que se imagina: Deus queria mostrar a que extremos o seu Amor por
nós pode chegar...
E mais: essa extremada “entrega” do
Filho único à morte tem um objetivo: “para que todo o que nele crer não pereça,
mas tenha a vida eterna”... Assim, nós devemos pensar como o apóstolo Paulo:
Cristo “me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20b). E quem ama está disposto a
tudo.
Claro que um amor assim pede
resposta, quer correspondência. A recusa de um amor assim não pode ficar sem um
preço. Se a Luz vem aos homens e eles a rejeitam, recusam a sua própria
salvação. A ação do Espírito Santo em cada um de nós visa à nossa adesão a
Cristo, que deu a vida por nós. A recusa dessa graça que salva é, em suma, o
“pecado contra o Espírito Santo”.
Escrevia o Papa João Paulo II em sua
primeira Encíclica sobre o Redentor do Homem: “O homem não pode viver sem amor.
Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída
de sentido, se não lhe for revelado o amor, se o não experimenta e se o não
torna algo próprio, se nele não participa vivamente. E por isto precisamente
Cristo Redentor [...] revela plenamente o homem ao próprio homem. Esta é – se
assim é lícito exprimir-se – a dimensão humana do mistério da redenção”. (Redemptor
Hominis, 10.)
Contemplando o Crucificado, que deu
a vida por nós, os santos “descobriram” que eles também eram capazes de dar a
vida por seus irmãos. E esta descoberta essencial é que está na raiz de sua
santidade.
E nós? Também faremos esta
descoberta?
Orai sem cessar: “Senhor Jesus, ensina-nos a
amar!”
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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