O que é isso para tanta
gente? (Jo 6,1-15)
As multidões continuam seguindo a
Jesus, sedentas de sua Palavra, famintas de sentido para viver. No cenário
deserto, nasce também a fome material. Jesus faz a Filipe a pergunta
provocativa: “Onde havemos de comprar pão para eles comerem?”
Um rápido levantamento dos “recursos
humanos” disponíveis registra a presença de um garoto que levara consigo a
bagatela de cinco pães de cevada e dois peixinhos. É a vez de André perguntar:
“Mas que é isso para tanta gente?” Como quem diz: “Não dá nem para tapar o
buraco do dente!”
Ora, caríssimo André, já era tempo
de saber... Já acompanhas o Mestre há bom tempo. Não estavas em Caná de
Galileia quando mais de 500 litros de água da fonte foram transformados em
vinho de primeira? (Jo 2.) Não ouviste a notícia da cura do filho do
funcionário real? (Jo 4,50-54.) Não estavas presente quando Jesus curou o
paralítico na piscina de Betzatá? (Jo 5,8-9.) Tais manifestações de
sobre-humano poder não chegam ainda a aquecer as tuas esperanças?
Bem, acontece também conosco. Depois
de tantas graças recebidas, após tantos “milagres” que o Senhor realizou entre
nós, ainda insistimos em contar exclusivamente com nossas próprias forças,
nossos próprios recursos, como se estivéssemos sozinhos e abandonados a nós
mesmos...
Caríssimo André, bem a teu lado está
Jesus Cristo, o Senhor da matéria, inventor da primeira semente de trigo,
aquele que se apresentará como “Pão de vida”. Obedece e faz o que Jesus manda:
convidar o povo a sentar-se sobre a relva e, a seguir, distribuir os poucos
pães e os dois raquíticos lambaris. Todos esperam por alimento e o Mestre não
quer ver ninguém com fome!
Ao final, André, se todos ficarem
saciados e ainda sobrarem muitos pedaços, enchendo doze cestos com as sobras,
talvez alguém se lembre de Elias e de Eliseu (cf. 1Rs 17,7-16; 2Rs 4,1-7).
Talvez consigamos recuperar a memória perdida de um Deus que é Pai e alimenta os
seus filhos, mais do que alimenta as aves do céu, mais do que veste de ouro os
lírios da campina...
Em tempos de crise econômica, de
multidões em êxodo forçado, tempos de fome endêmica, tempos de incerteza quanto
ao futuro, é hora de rever nossas expectativas e verificar onde está o nosso
apoio existencial.
Com quem estamos contando em nossa
vida? Apenas com nosso potencial humano? Vivemos do próprio dinheiro, esforço e
saber? Ou já experimentamos que a graça de Deus atende cada dia às nossas reais
necessidades?
Orai sem cessar: “Preparas uma mesa para mim,
Senhor!” (Sl 23)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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