Sou eu. Não tenham medo! (Jo 6,16-21)
O discípulo amado escreveu: “No amor não há temor. Antes, o perfeito
amor lança fora o temor, porque o temor envolve castigo, e quem teme não é
perfeito no amor”. (1Jo 4,18.) Tendo experimentado uma vez a
presença amorosa de Jesus, o apóstolo João libertou-se do medo; agora, sim, ele
pode dedicar-se ousadamente à sua missão, que envolverá o extremo martírio.
O medo paralisa. Imobiliza nossos
passos. Retém nossos braços. Cala nossa boca. É bem verdade que o cenário
“ajudava”: noite fechada, a tempestade uivante, as águas revoltas do lago.
Quando Jesus se aproxima, caminhando sobre as águas, os discípulos o confundem
com um fantasma. São Mateus registra que eles soltavam gritos de terror. (Mt
14,26.)
Bem, pode acontecer conosco. Podemos
ter medo de Deus. Medo de sua presença, de sua “entrada” em nossa vida. Medo de
sua Lei. Medo de suas propostas, seu chamados. Medo de ter prejuízos por causa
dele. Medo de abrir mão do controle de nosso tempo. Medo de ter de abrir mão de
nossas canoas furadas para subir em sua barca... Medos que só acabarão com a
experiência de que somos amados...
Para você, que sente medo, dedico
este meu soneto “Na tenda”:
Esconde-me do mal, Senhor, na palma
Da tua mão direita sempre aberta
A me acolher na hora mais incerta,
Devolvendo o sossego a minha alma!
Quando o teu braço poderoso espalma
A destra paternal, tudo se acerta:
Vai-se a angústia mortal que a mente aperta
E a tempestade abrupta já se acalma...
Se a dor me vem moer em sua moenda,
Eu corro para o abrigo de tua tenda
E, ali, repouso em paz, sereno e manso...
Pode rugir o inferno em fogo e lava,
Pois quanto mais o estrépito se agrava,
À sombra de tuas asas eu descanso!
Orai sem cessar: “Salva-nos, Senhor, que
perecemos!” (Mt 8,25)
Texto
e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.
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