Quem
crê em mim jamais terá sede... (Jo 6, 30-35)
Neste Evangelho, Jesus está diante
de um grupo de ouvintes incrédulos. Na verdade, judeus muito “mal acostumados”
por uma longa história de intervenções divinas em favor do Povo Escolhido: a
travessia do Mar Vermelho, 40 anos de maná caindo do céu, muralhas de Jericó
derrubadas a golpes de... trombetas!
É este povo mimado que pede sinais.
Exige milagres. “Que milagre então fazes Tu, para nós vermos e acreditarmos em
Ti?” E chegam ao extremo de dar um exemplo, a título de comparação: “Nossos
pais comeram o maná, conforme está escrito: Deu-lhes a comer um pão que veio
do Céu”.
Jesus, porém, se recusa a fazer o
jogo deles. E se apresenta como o verdadeiro Pão, o alimento substancial, este,
sim, enviado pelo Pai. E vai fechar seu discurso com uma promessa que deveria
fazer nosso coração pulsar mais forte: “Quem vem a mim nunca terá fome. Quem
crê em mim jamais terá sede!” (Jo 6, 35.)
Em nossos dias, o rádio e a TV
anunciam “milagres” todos os dias: desde improváveis curas físicas até a
expulsão de demônios e o enriquecimento rápido. A maior ou menor cota de
“milagres” é anunciada como o critério maior de valorização das seitas e
Igrejas. Numerosos fiéis reduzem sua relação com Deus a uma permanente
peregrinação em busca de milagres e sinais.
Mas Jesus sempre se negou a
“negociar” desta maneira. Ao contrário, ele disse que só daria um sinal àquela
geração: o “sinal do profeta Jonas”. Isto é, assim como Jonas ficara três dias
no ventre do peixe e voltara à vida, assim Jesus anuncia que, após três dias no
ventre da terra (o sepulcro), voltaria à luz do sol. A Ressurreição de Cristo é
o verdadeiro sinal de sua divindade.
Na Itália, há poucos anos, uma jovem
chamada Chiara Luce, ligada ao Movimentos dos Focolares, foi tomada por um
câncer incurável. Antes de morrer aos 18 anos, sofrendo com os efeitos de uma
terapia agressiva, ela foi sempre alegre, feliz e bondosa. E declarou que não
pretendia “usar Deus” em seu proveito próprio. Rezava pelos outros, oferecia-se
pelos sofrimentos do mundo. E Jesus saciava sua sede de amor. Ela não pedia
sinais... Chiara preferiu ser um sinal! Diante desse modelo de
cristianismo, não custa nada nos perguntarmos seriamente: a minha “religião”
manifesta minha sede de Deus? Ou tento usar Deus para “quebrar meus galhos”?
Orai sem
cessar: “Pai, não
se faça a minha vontade, mas a tua!” (Lc 22, 42.)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
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