Viverá
por mim... (Jo 6, 52-59)
O texto latino da Vulgata diz “vivet
propter me”, isto é: “viverá por
causa de mim”. Jesus aponta seu corpo e sangue, dados como alimento como
causa da vida do fiel que
participa da comunhão eucarística.
Naturalmente, Jesus fala de “viver”,
não apenas “sobreviver”. Fala não apenas da vida material, biológica, mas da
vida interior, espiritual e moral. Ele está pensando em uma vida plena, uma
vida com sentido de eterno.
Pelo Decreto Mysterium Fidei,
a Igreja ensina: “O desejo de Jesus e da Igreja de que todos os fiéis se
aproximem diariamente do sagrado banquete consiste sobretudo nisto: que os
fiéis, unidos a Deus em virtude do sacramento, tirem dele força para dominar a
sensualidade, para se purificarem das culpas leves quotidianas e para evitar os
pecados graves, a que está sujeita a humana fragilidade”.
Na Constituição Lumen Gentium,
o Concílio observa: “Participando realmente do Corpo do Senhor na fração do pão
eucarístico, somos elevados a uma comunhão com Ele e entre nós. ‘Porque o pão é
um, somos muitos um só corpo, pois todos participamos de um único pão’ (1Cor
10, 17).” (LG, 7.)
Assim como seria absurdo pretender
manter a vida corporal sem se alimentar, também é impossível permanecer vivo
“por Cristo, com Cristo, em Cristo”, sem a Sagrada Eucaristia como alimento do
espírito. Sem esse alimento vital, a vontade se aniquila, os sentidos se
exaltam, a concupiscência arrasta para o pecado, tornando-nos uma presa fácil
para o inimigo de nossa alma. Ao contrário, a comunhão frequente vem fortalecer
a nossa vontade, harmonizar nossa sensibilidade e nos tornar firmes diante das
tentações, unindo-nos sempre mais ao próprio Cristo.
Um autor
clássico da espiritualidade nos ensina: “Há entre Jesus e nós uma união
semelhante à que existe entre o alimento e o que o assimila; com esta
diferença, contudo, que é Jesus que nos transforma em Si mesmo, não somos nós
que o transformamos em nossa substância: e na verdade, o ser superior é que
assimila o inferior. É uma união que tende a tornar a nossa carne mais sujeita
ao espírito e mais casta, e depõe nela um germe de imortalidade: ‘E eu o
ressuscitarei’”. (Ad. Tanquerey,
278.)
Nossa Igreja
distribui ao longo dos séculos o mais precioso alimento. Que posso fazer para
melhor participar da comunhão eucarística?
Orai sem
cessar: “Já não
sou que vivo, é Cristo que vive em mim.” (S. Paulo)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança
Nenhum comentário:
Postar um comentário