A Deus o que é de Deus! (Mc 12,13-17)
Na moeda, a
efígie de César. É César quem manda cunhar as moedas do Império Romano. Natural
que elas voltem a seu “criador”... No homem, a imagem de Deus (cf. Gn ). Foi
Deus quem modelou Adão da argila primordial. Natural que ele se volte para sua
Fonte.
Simples?
Nada disso! Com as reluzentes moedas de César nós podemos comprar fazendas no
Pantanal, podemos fundar impérios na mídia, podemos manipular partidos
políticos. E assim se edifica o inferno dos homens, ainda mais que as moedinhas
têm sido arrancadas da bolsa dos miseráveis...
O bom Deus,
ao contrário, não quer nossos pequenos discos de metal. Deus quer apenas nossos
corações, o santuário de onde brotam nossos anseios e desejos. Deus não brinca
de Tio Patinhas...
Como
escreveu Santo Agostinho, Jesus se vale de uma pequena moeda para nos recordar
a extrema exigência que Deus nos faz. “César quer recuperar sua imagem que
figura sobre a moeda. Como Deus não iria querer recuperar a sua imagem gravada
no homem? E é de modo semelhante que nosso Senhor Jesus Cristo nos convida,
quando ordena que amemos nossos inimigos, pois ele toma o exemplo de Deus:
‘Sede como vosso Pai que está nos céus: ele faz erguer o seu sol sobre os bons
e os maus, e cair a chuva sobre os justos e os injustos. Sede, pois, perfeitos
como vosso Pai é perfeito.”
Temos em nós
a imagem do Criador. Sobre seu “molde” fomos modelados. Não podemos fraudar
esta imagem. Não podemos passar ao mundo uma imagem falsa do Pai que nos criou.
O apego ao dinheiro e os bens materiais passaria ao mundo a imagem de um Deus
acumulador, avarento, possessivo.
Ora, o Deus
revelado em Jesus Cristo é um Deus doador, desapegado, altruísta. O
despojamento vivido por Jesus Cristo aponta para o ideal cristão a ser atingido.
Sendo Deus, se faz homem. Homem, se faz servo, lava os pés dos discípulos.
Servo, faz-se escravo, morrendo na cruz, suplício proibido a um cidadão romano.
Desce ainda mais: ao túmulo, um Deus defunto! Desce mais: à mansão dos mortos,
para evangelizar os homens das eras passadas (cf. 1Pd 3,19). E atentos ao
momento da consagração, na liturgia eucarística, vemos que ele continua
descendo, sob a aparência de massa de água e farinha de trigo...
A quem
daremos nosso coração? Que tipo de tesouro nós pretendemos acumular? Como
iremos investir o nosso amor?
Orai sem cessar: “Onde
está o teu tesouro, aí o teu coração.” (Mt 6,21)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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