Tu és Pedro... (Mt 16,13-19)
Simão, o velho
pescador da Galileia, recebe uma luz interior – que não vem da carne nem do
sangue, isto é, que não brota de seus recursos meramente humanos – e identifica
Jesus como o Ungido de Deus, o Cristo Senhor. Em resposta, Jesus o define: “Tu
és Pedro!”
Alguns exegetas já
observaram que “Pedro” não era um nome próprio, um antropônimo em uso na época,
nem no grego nem no latim. A palavra empregada por Jesus para renomear Simão
bar Jonas foi o termo aramaico “kepha”,
que se traduz como “rocha”, “rochedo”. Sua tradução latina seria Petrus, permitindo o jogo de palavras
com “petra”, a pedra. Curiosamente, o
mesmo jogo é possível em português (Pedro
/ pedra) e em francês (Pierre /
pierre).
Suzanne de Détrich
comenta: “Jesus dá a Simão um nome novo: ‘kepha’, que significa ‘rocha’. Este
nome contém uma promessa: Simão, o discípulo flutuante, impulsivo, será agora,
pela graça de Deus, o “rochedo” sobre o qual Deus edificará a comunidade nova.
Nós cremos que se trata, sim, da pessoa de Pedro, e não somente de sua fé. Bem
entendido, é enquanto confessor da fé que Pedro é chamado a desempenhar este
papel. Confiando-lhe as chaves do reino, Jesus permite a Pedro, e por ele à sua
Igreja, abrir este reino àqueles que irão receber sua palavra. Esta palavra tem
o poder de desligar os homens das cadeias do pecado e da morte”.
Na Bíblia, várias vezes
uma pessoa recebe um nome novo ao receber uma nova missão. Foi assim com Abraão
(antes, Abrão – cf. Gn 17,5), foi assim com Israel (antes, Jacó – cf. Gn 32,29).
Agora, é a vez de Simão Pedro ser confrontado com a nova missão que Deus lhe
reserva: pastorear a Igreja de Jesus (cf. Jo 21,16-17). Seu martírio em Roma,
crucificado como seu Mestre, será a prova final de sua missão de pastor, aquele
que “dá a vida por suas ovelhas” (cf. Jo 10,11).
Ao longo da história,
foram numerosos os papas que sofreram o martírio (Cleto, Clemente, Calixto,
Marcelino etc.) ou foram perseguidos e presos (Ponciano, Pio VII etc.), mas não
abandonaram sua missão à frente do rebanho. Nos últimos tempos, numerosas vozes
rebeldes se ergueram (dentro e fora da Igreja) para contestar o magistério
papal, seja em nome de uma liberação dos costumes (aborto, casamento entre
pessoas do mesmo sexo, ordenação de mulheres etc.), seja por sua posição em
defesa dos pobres e excluídos do sistema capitalista.
Qual é a nossa
atitude em relação ao Pedro de hoje?
Orai
sem cessar: “Guiaste o teu povo como a
um rebanho...” (Sl 77,21)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário