quarta-feira, 5 de julho de 2017

PALAVRA DE VIDA

 Os demônios foram para os porcos... (Mt 8,28-34)
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               Desde que a soberba onda racionalista saltou elegantemente das academias filosóficas para os institutos de teologia, virou moda negar a existência de anjos e demônios, logo transferidos para a estante da mitologia. Digamos a verdade: o tema tornou-se ocasião de risos e piadas.

               Com isso, nasceu uma nova “exegese” da Escritura Sagrada que atribui as referências a demônios ao primitivismo dos evangelistas e de sua época. Explicam esses doutos racionalistas que os povos antigos desconheciam os fenômenos parapsicológicos, e mesmo doenças mentais e neurológicas, a ponto de confundirem alucinações e casos de epilepsia com a manifestação de “espíritos impuros” [pneumata akathárta, no texto grego], como são chamados nos Evangelhos.
               Ora, enquanto os infelizes que rolavam pelo chão ou arrebentavam correntes de ferro eram apenas pessoas humanas, o argumento até que poderia ser justificado. Histeria? Alucinações coletivas? Quando, porém, a imaginada “epilepsia” se transfere aos suínos (sic), desafiando todos os conhecimentos da mais moderna ciência médica, fica bem difícil encaixar o fenômeno nos compêndios de parapsicologia, neurologia ou psiquiatria. Pobres dos porquinhos!
               Será que Jesus Cristo – que se apresenta como “a Verdade” (cf. Jo 14,6) – teria mantido seus contemporâneos na ignorância em matéria tão grave? Ele ainda falaria de “maus espíritos” ou “demônios” se aqueles fenômenos se reduzissem simplesmente a desequilíbrios do humano psiquismo?
               Por outro lado, o vocabulário dos evangelistas distingue claramente as doenças [nóson / astheneía] dos casos típicos de possessão demoníaca [daimonizômenoi]. Aliás, um é o verbo para “curar” as doenças [therapêuein, iáomai], outro é o verbo para “expulsar” demônios [ek-bállo].
               Por fim, já não é possível confundir exorcismos com tratamento médico, quando o próprio Jesus afirma aos 72 discípulos que voltavam, alegres, de sua primeira missão evangelizadora: “Eu vi Satã cair do céu como um relâmpago”. (Lc 10,18)
               Se os egrégios docentes de teologia trocassem suas assépticas salas de aula por um estágio nos confessionários ou nas equipes de aconselhamento, certamente seriam convencidos da existência dos demônios, já que não lhes basta a audiência dos noticiários da TV...
Orai sem cessar: “Senhor, tu és meu auxílio e meu libertador!” (Sl 70,6b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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