Teus pecados são
perdoados! (Mt 9,1-8)
Deus
é assim: sempre exagerado! Só queríamos andar de novo, mas ele vem e perdoa
nossos pecados. Hébert Roux, pastor da Igreja Reformada, observador junto ao
Concílio Vaticano II, comenta este Evangelho:
“Ao
longo de toda esta passagem, corre um frêmito de alegria e de esperança. As
testemunhas estão perturbadas e comovidas, e pressentem por trás da cura e da
libertação a mão de Deus que faz novas todas as coisas e muda a face do mundo.
Ao
mesmo tempo, porém, diante desses sinais anunciadores, tudo aquilo que se sente
ameaçado e questionado pela novidade do Evangelho se põe a reagir e se
inquietar: reservas, objeções, acusações são formuladas, contestando a Jesus
sua qualidade de Messias.
Assim
Deus age sempre: diante da manifestação de seu Reino e de seu poder, dividem-se
os espíritos e os corações, entre a alegria e o medo, esperança e terror, fé e
incredulidade. Há os que acolhem o Reino, há quem o rejeite; alguns são
conquistados, para outros Jesus se torna ocasião de queda.
Pela
primeira vez, vemos Jesus proclamar o perdão dos pecados. Esta é a forma
concreta e pessoal que assume a Boa Nova quando ela é dirigida a alguém. Aqui,
Jesus ordena ao infeliz que “tenha coragem” porque seus pecados lhe são
perdoados. E o chama “meu filho”.
Esta
palavra não é um encorajamento banal, como podem distribuir os médicos; nem é
uma promessa para mais tarde. Jesus afirma como um fato que esse homem, por ele
acolhido como um pai acolhe seu filho, já recebeu o perdão de seus pecados. E
isso é verdade simplesmente porque Jesus o declara.
Não
se diz que o paralítico viera a Jesus para isso. Se ele pretendia algo,
exatamente, era a libertação do mal que o mantinha preso ao leito. No entanto,
é isto que Jesus lhe dá, de início, por sua palavra: o perdão dos pecados. E
não acontece nada mais: o homem continua preso à sua enfermidade física.
Diante
de tal palavra, é preciso decidir-se: ou tomá-la como verdadeira ou rejeitá-la.
Se não se crê que Jesus tem esse poder, só se pode recusar sua graça e tratá-lo
como blasfemo. É o que fazem os escribas. Mas o milagre vem confundir sua
incredulidade. À declaração do perdão dos pecados, Jesus acrescenta a cura
física, a fim de que saibam que, ao duvidar de sua palavra, eles tinham
duvidado de Deus.”
Orai
sem cessar: “Em ti, Senhor, se encontra
o perdão!” (Sl 130,4)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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