Levantou-se
e o seguiu... (Mt 9,9-13)
Neste Evangelho, o próprio autor
nos relata a cena de sua vocação. E o faz com discrição, objetivo e sóbrio: um
olhar... um chamado... um seguimento.
Como observa Hébert Roux, “não se
discute a obediência da fé”. E isto me faz lembrar tantas pessoas que buscaram
aconselhamento vocacional, mas se mostravam avessas a obedecer, com um discurso
cheio de conjunções adversativas: mas... porém... todavia... Queriam seguir a
Jesus – diziam elas – mas sem riscos, sem aventuras, com a posse prévia de
garantias e seguranças.
Roux prossegue: “Doravante, o
cobrador de impostos Mateus não se pertence mais. Ele nada nos diz sobre aquilo
que tanto gostaríamos de saber, nada de circunstâncias pessoais, de suas
disposições interiores quando Jesus o chamou. Isto não interessa. Ele não conta
a si mesmo. E fala do acontecimento como se se tratasse de outra pessoa. Mateus
se apaga para apontar apenas Jesus”.
Não é curioso? No cenário da
vocação, quem deve estar no centro: aquele que é chamado? Ou Aquele que chama?
Enquanto o eventual missionário está centrado em si mesmo, enquanto sua pessoa
não se con-centra no Cristo que chama, dificilmente dará o passo, desatando as
amarras que o prendem ao próprio eu, com suas preferências e comodidades.
E isto me lembra o seminário de
certa congregação religiosa, onde cada seminarista ocupa sua própria “suíte”,
com ar condicionado, TV e frigobar. E as estatísticas mostrando que,
historicamente, a maioria dos padres e freiras é proveniente de famílias
pobres, isto é, os que pouco têm a perder...
Pois Mateus abre mão de tudo
diante do chamado de Jesus. De imediato, vemos o Mestre em casa de Mateus, o
publicano, o cobrador de impostos execrado pelos compatriotas judeus em tempo
de dominação romana. Os fariseus – isto é, os “certinhos” – se espantam com
essa con-vivência. Por que na casa do pecador? Por que não em nossa casa?
A resposta é simples, devia ser
óbvia: Jesus visita aquele que abre espaço em sua vida. Jesus visita aquele que
se esvazia por ele. Jesus não encontra espaço em quem está cheio de si, de suas
garantias e seguranças.
De que adianta cumprir ritos e
preceitos, se não estamos dispostos a obedecer à vontade de Deus?
Orai
sem cessar: “Senhor, a minha alma te
segue de perto!” (Sl 63,8)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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