quinta-feira, 10 de agosto de 2017

PALAVRA DE VIDA

O grão que cai na terra... (Jo 12,24-26)
Resultado de imagem para (Jo 12,24-26)            Houve um tempo em que os Evangelhos – em especial o de João – me incomodavam por sua aparente falta de lógica. Foi preciso tempo, maturidade e, acima de tudo, uma experiência de Deus para compreender que nossa lógica não merece crédito.

            Exemplo? Acreditamos que viver e morrer sejam antípodas, polos de uma antítese. E não é assim. Viver e morrer são etapas de um ciclo vital, quando um depende inteiramente do outro. Se eu fosse um agricultor, teria compreendido mais cedo...
            Nesta passagem que a Liturgia escolheu para a memória de São Lourenço, o diácono romano queimado vivo em uma grelha, Jesus ensina que a vida se perpetua quando oferecida em sacrifício. A imagem que ele nos apresenta é o humilde grão de trigo que, lançado à terra, deve morrer para germinar. Tão óbvio, tão i-lógico para os conceitos do mundo prático!
            O mundo tem sede de vida, teme a morte, assusta-se com a possível implosão do planeta em consequência de um desastre ambiental. E a saída nos é oferecida no gesto de dar a vida para que o mundo viva. Aliás, Jesus Cristo no-lo explicou e... praticou.
            Um de meus sonetos – AGRICULTURA – de junho de 2006, acolhe esta lição:

Quando o mundo tem fome e o medo aterra
Os corações e paralisa a mente,
Devo insistir e prosseguir em frente
A trabalhar e semear a terra...

Um mistério escondido ali se encerra
Quando no solo morre uma semente:
A Esperança é uma vítima inocente
Que a mão do homem sacrifica e enterra.

Bendito grão que a terra-mãe abriga!
Renascerá para tornar-se espiga
Enquanto o homem dorme e a Vida cresce...

E quando vem o Sol e a noite passa,
Nosso trigo se faz farinha e massa
Para que Deus se encarne em nossa messe...

Orai sem cessar: “Eles farão reviver o trigo...” (Os 14,8)

Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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