Terás
ganho o teu irmão... (Mt 18,15-20)
Ganhar
e perder. Nossa sociedade capitalista entende muito bem de lucros e
perdas. Mas cuidamos, em geral, de lucros e perdas materiais. Temos aquele
livro de três colunas: deve/ haver/ saldo. Neste Evangelho, porém, está em
questão a salvação das almas. Ou sua perdição eterna. No Juízo Final, virá o balanço
inexorável...
Certa
mentalidade individualista – aliás, bem ao gosto de nosso tempo! – poderia
levar o fiel a preocupar-se apenas em salvar a própria alma: cada um pra si
e... Deus pra todos. Não cometer pecados mortais, cumprir os 10 mandamentos de
Deus e os 5 da Igreja. Enfim, só para desencargo de consciência, uma esmolinha
aqui e uma prenda para o leilão da paróquia. Ufa! Estou salvo!
Graças
a Deus, não é assim. Ninguém se salva sozinho! Tanto que nossa omissão diante
daqueles que correm o risco de se perder é sempre um pecado grave. Viver uma
vidinha tecida de comodismos e preferências, lazeres e conveniências, quando
Deus se esgoela a clamar por operários para colher a messe que está madura (cf.
Jo 4,35b), certamente causará a nossa perdição! Eis uma certeza: seremos
severamente cobrados por nossa indiferença diante do próximo caído na estrada
de Jericó.
No
Evangelho de hoje, o ensinamento de Jesus Cristo aponta para nosso compromisso
em advertir o irmão que se desvia para, assim, lhe dar uma oportunidade de
correção e conversão. Aponta para a responsabilidade dos educadores em corrigir
o educando que erra, puni-lo adequadamente e reanimá-lo a voltar ao caminho do
bem. Aponta igualmente para a irrecusável solidariedade que envolve a sociedade
humana, independentemente de raça e cor, classe e nacionalidade. E ainda aponta
para o nosso dever de oferecer ao próximo um estilo de vida e modelos de
comportamento pautados na verdade e na justiça. Estamos todos no mesmo barco!
Exemplos não nos faltam. A freira que
é professora de ricos e deixa seu conforto para cuidar dos miseráveis de
Calcutá. O jovem da nobreza espanhola que abre mão de seu brasão para levar o
Evangelho à Índia, ao Japão e à China. O Papa já alquebrado que atravessa o
planeta para falar de Jesus. O pastor negro que arrisca sua vida para defender
os direitos de seus irmãos. A professora branca que ensina balé clássico na
favela para ajudar os pequenos favelados a descobrirem a beleza...
Madre
Teresa, Francisco Xavier, João Paulo II, Martin Luther King e tantos outros
mostram que isto é possível. Nossa vida existe para ser dada, perdida,
sacrificada. É assim que o outro será salvo.
Orai sem cessar: “Anunciarei vosso Nome aos meus irmãos!” (Sl 22,23)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova
Aliança.
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