terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

PALAVRA DE VIDA

Seja feita a vossa vontade... (Mt 6,7-15)
Resultado de imagem para (Mt 6,7-15)           Uma bela aspiração: que se faça a vontade de Deus. Frase tantas vezes repetida em nossas orações pessoais ou comunitárias! Pena que nem sempre corresponda a um autêntico anseio de nosso coração...

            Por exemplo: no brasão de armas da casa real da Inglaterra, pode-se ler o lema: “Fiat voluntas mea” [Faça-se a MINHA vontade]. A vontade do rei, não a vontade de Deus. Algo semelhante ao que narrava um missionário italiano no Japão. Ao ensinar o Pai-Nosso às crianças, e chegando a esta petição, os pequenos japoneses protestaram: - “Não! Ele é quem deve fazer a nossa vontade!” Os minicatecúmenos queriam um Deus semelhante ao gênio da lâmpada: bastava esfregar e o djim comparecia para atender às veleidades do patrão...
            Na Suma Teológica, Santo Tomás nos fala dos cinco sinais que podem manifestar a vontade divina para nós: a proibição, o preceito, o conselho, a operação e a permissão. E logo vem à nossa mente que o Criador estabelecera uma única proibição (cf. Gn 2,17), e foi justamente na árvore interdita que o primeiro casal foi procurar alimento. Isto é, minha vontade pessoal se sobrepõe à vontade divina expressa na proibição.
            E aqueles fiéis que se insurgem abertamente contra os preceitos de Deus, gravados na Escritura Sagrada ou canalizados através da Igreja? A vontade de Deus fica soterrada por uma visão de mundo personalizada, por preferências e facilidades, por ideologias ou compromissos humanos. Por exemplo, no caso dos abortistas, que ignoram radicalmente o “Não matarás” impresso a fogo na rocha do Sinai.
            Pedimos que se faça a vontade de Deus, mas discutimos longamente o estranho conselho que manda “amar os inimigos” (Mt 5,44), pois nos arrogamos o direito à vingança e invocamos o direito arcaico do “olho por olho”. Cravado no madeiro, Jesus perdoa seus algozes e nós... clamamos pela pena de morte...
            Precisa mais? Não está claro que perdemos o direito de rezar o Pai-Nosso? Dirigir-nos a um Pai, que é Pai meu e dos outros, inclusive daqueles que eu odeio e dos quais pretendo vingar-me? No fundo, o Pai-Nosso me compromete com uma Vontade que não é a minha!
            Creio dispensável uma referência ao quarto e ao quinto sinal, pois as realidades que Deus tem “permitido” em nossa vida são exatamente aquelas que classificamos como desgraças, desastres e fatalidades inaceitáveis. Penso, por exemplo, na revolta de casais que não conseguem engravidar, ou no desespero daqueles que perderam um filho. Como é difícil aceitar – aqui no aquém-túmulo - que Deus possa ter um desígnio mais alto para mim, mesmo que incompreensível no momento!
            Um dia, talvez, o Pai-Nosso venha a ser verdadeiro para nós...
Orai sem cessar: “Dirige-me na senda dos teus mandamentos!” (Sl 119,35)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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