Atrairei
todos a mim...
(Jo 12,20-33)
A Boa Nova da salvação oferecida por
Jesus Cristo destina-se a todos os povos, sem exceção. Ninguém está excluído
desse anúncio. Particularidades de etnia ou cultura, nação ou tribo, classe
social ou situação econômica não podem servir de pretexto para deixar alguém à
margem.
É verdade que, de início, os
primeiros discípulos, todos eles de cultura judaica, ainda viam a missão do
Messias como exclusiva para o Povo Escolhido. Mesmo o apóstolo Pedro deveria
passar por uma experiência de “conversão” a este respeito (cf. At
10,10b-16.44-48).
O Evangelho de hoje começa com os
“gregos” à procura de um contato pessoal com o Mestre: “Queremos ver Jesus”.
Fica evidente que grupos vizinhos, de cultura helenizada, também foram
despertados pelo ministério de Jesus. Para esse contato, os visitantes contam com
a intermediação de Filipe e André (notar que estes dois discípulos – Philippos e Andréas – ainda que judeus, receberam nomes de origem grega!).
Episódio quase escondido entre
cenas mais impressionantes (curas físicas, libertações espirituais, sinais de
poder sobre as forças da natureza...), já sinaliza que está chegando a “hora”
de Jesus, isto é, o momento de seu sacrifício salvador, sua Paixão e morte na
cruz.
Se é verdade que, antes de
frutificar, o grão deve ser escondido no interior da terra, também é verdade
que a luz acesa deve ser posta bem alto, no candeeiro, para que toda a casa
seja iluminada (cf. Lc 8,16). Assim como as borboletas noturnas são atraídas
pelo candelabro aceso, assim também o poder de atração de Jesus chegará a seu
ponto máximo no momento em que ele for erguido no alto da cruz.
O Salvador tem consciência desse
poder de sedução: “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim”. (Jo
12,32) O verbo grego deste Evangelho - hipsóo
– não exprime apenas a exaltação material sobre a cruz, mas uma exaltação
espiritual na glória. Bem antes, Jesus havia anunciado: “Como Moisés levantou a
serpente no deserto, assim também será levantado o Filho do Homem, a fim de que
todo o que nele crer tenha vida eterna”. (Jo 3,14) E mais: “Quando tiverdes
elevado o Filho do Homem, então sabereis que ‘eu sou’”. (Jo 8,28)
Infelizmente, parece que nem todos
estão convencidos do magnetismo da pessoa de Jesus Cristo. Percebo isto quando
ouço pregações orientadas exclusivamente para a realidade sociopolítica, a
conjuntura econômica, ou centradas em aspectos da psicologia humana, ou ainda
desperdiçadas em floreios literários. Entendo-as como um esforço desesperado
para atrair a atenção da assembleia, como se o próprio Cristo se tivesse
tornado incapaz de atrair, seduzir e galvanizar o coração humano.
Imitemos Paulo, que pregava Cristo.
E Cristo crucificado (cf. 1Cor 2,2).
Orai sem cessar: “Para ti, Senhor, levanto os
olhos!” (Sl 123,1)
Texto
de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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