segunda-feira, 19 de março de 2018

PALAVRA DE VIDA


E acolheu sua esposa... (Mt 1,16.18-21.24a)
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            Quem poderá avaliar a obediência de José de Nazaré? O sacerdote Zacarias e a jovem Maria estavam bem acordados quando o anjo de Deus os visitou (cf. Lc 1,11.26). A José, porém, é no abismo do inconsciente, ali onde se tecem os sonhos, que a mensagem divina se manifesta. Ao acordar do sono e do sonho, José “faz” conforme lhe fora ordenado.

            Eis a receita da santidade. Ouvir e agir. Acolher a Palavra e pô-la em prática. E José nem imaginava que assim começava seu processo de santificação... Ao acolher sua noiva, grávida por ação direta do Espírito Santo (cf. Mt 1,20), uma acolhida que incluía um casamento em perfeita castidade, José entrava em contato imediato com a Mulher habitada pela santidade de Deus. A esposa santa vai santificar seu esposo...
            Dou a palavra a Maurice Zundel, em seu caderno sobre Nossa Senhora da Sabedoria:
            “Jesus é proveniente do casamento deles, cuja virgindade é fecunda; a carne deles repousa em uma exultação pacífica, na realização supereminente do elã portador da vida. E como o vínculo que os une é a Pessoa divina de seu Filho, o casamento deles é tão santo quanto eterno, envolvendo em um grau único todos os bens de uma união perfeita: fecundidade, fidelidade, indissolubilidade: fides, proles, sacramentum.
            Não esqueçamos, aliás, que Maria goza de cada um desses títulos em um primado incontestável: a virgindade de José é um reflexo da sua; a paternidade dele resulta da maternidade dela, e é ligando-o para sempre a Maria que a presença de Jesus o confirma em graça e o estabelece nessa santidade eminente que se irradia sobre toda a Igreja.
            Este primado de Maria, no entanto, não desfaz a ordem natural que torna José o chefe da Sagrada Família. Como Jesus obedece a um e à outra, Maria está ternamente submissa a José, com essa magnânima humildade que faz da obediência a atenção do amor ao Amor – o qual, para se exprimir no homem, não deixa de ser a plenitude da Verdade e da Vida.
            Igualmente, como todos os mistérios em que está comprometido, o casamento de Maria está por inteiro nesse Fiat que ordena todos os movimentos de sua alma a respeito das exigências, sempre realizadas nela, do dom da Sabedoria, pelo qual ela se reporta totalmente à Sabedoria eterna, que é o Filho único do Pai e dela: como o canto divino de sua pobreza na transparência infinita de um amor sem reservas.
            ‘De meu coração jorrou o Verbo do Amor.’ [Eructavit cor meum verbum bonum – Sl 45,2].”
            Perdemos o sentido do matrimônio cristão? Ignoramos o seu mistério? Passamos a vê-lo como um contrato entre pagãos? Se não é assim, onde está a esposa que santifica seu marido? Onde está o esposo que santifica sua mulher?
Orai sem cessar: “Eu durmo, mas meu coração vigia.” (Ct 5,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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